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Reino Unido sai na frente com vacina descartada pelo Brasil

Britânicos marcam vacinação contra a covid-19 para a próxima semana. Idosos e profissionais de saúde terão prioridade

A população do Reino Unido recebeu ontem a notícia mais esperada do ano em todo o mundo: a vacinação contra o novo coronavírus começa na próxima semana na região. É a primeira nação do ocidente a anunciar a medida, já adotada na Rússia, China e Emirados Árabes Unidos. A diferença para a imunização dos britânicos é que a dose utilizada será a desenvolvida pelo laboratório norte-americano Pfizer em parceria com o alemão BioNTech, considerada mais robusta na comprovação de eficácia e apresentação de dados científicos do que as já utilizadas no oriente.

A vacina que anima os moradores do Reino Unido – e será distribuída para idosos, profissionais da saúde e pessoas clinicamente vulneráveis – não está no radar do governo brasileiro, que vê no preço e armazenamento empecilhos para que ela seja adotada por aqui. Em audiência pública no Congresso ontem, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que apesar das “campanhas publicitárias” sobre o imunizante, muitas das propostas se mostram “pífias” na prática.

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“Queria deixar uma coisa clara: ficou muito óbvio que são muito poucas as fabricantes que têm a quantidade e o cronograma de entrega efetivo para o nosso país. Quando a gente chega ao final das negociações e vai para cronograma de entrega, fabricação, os números são pífios”, disse o ministro. E completou: “Na hora que você vai efetivar a compra, vai escolher, não tem bem aquilo que você quer, o preço não é bem aquele e a qualidade não é bem aquela.”

O governo brasileiro mantém acordos, até o momento, para 142 milhões de doses do imunizante, sendo 100 milhões em virtude da parceria entre a farmacêutica AstraZeneca e Fiocruz. As outas 42 milhões estão previstas pelo consórcio da OMS (Organização Mundial da Saúde), o Covax Facility – para países subdesenvolvidos e pobres.

Em entrevista à BandNews FM, Cristiano Zerbini, coordenador dos testes da vacina Pfizer em São Paulo, afirmou que a temperatura de armazenamento não é um impedimento para a distribuição da dose no Brasil. “Estão sendo feitos recipientes, de fácil transporte, que conseguem manter a vacina a -70ºC. Esse transporte pode ser feito até por uma ou duas semanas. E a vacina, depois, pode ser colocada no refrigerador [convencional] por 5 a 6 dias”, disse Zerbini ao explicar que a vacina contra a epidemia de Ebola foi aplicada na África apesar do seu armazenamento em -80ºC, basta “logística”.

A OMS divulgou ontem que estuda uma autorização emergencial  e internacional do imunizante da Pfizer, o que abre caminho para que todos  os países utilizem a dose. Aqui, o governo já informou que só distribuirá doses autorizadas pela Anvisa.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, pode ser persuadido a tomar a dose contra a covid-19 na televisão para mostrar que o imunizante é seguro, reportou o jornal The Guardian. No entanto, o premiê, que tem 56 anos e já teve a doença, não deve “furar a fila” entre o público-alvo, afirmam seus assessores. Sobre a rainha Elizabeth e seu marido de 99 anos, o princípe Phlip, o palácio não quis comentar o assunto.

Câmara aprova recursos e Anvisa atualiza regras

A Câmara dos Deputados aprovou ontem a Medida Provisória 994/20, que abre crédito extraordinário de R$ 1,995 bilhão para viabilizar a compra de tecnologia e a produção da vacina de Oxford contra o novo coronavírus. A MP será enviada ao Senado.

O dinheiro vai custear o contrato de parceria já firmado anteriormente entre a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), vinculada ao Ministério da Saúde, e o laboratório AstraZeneca. A empresa desenvolve uma vacina contra covid-19 em parceria com a Universidade de Oxford.

Os recursos para a aquisição de 100,4 milhões de doses seriam custeados a partir da emissão de títulos públicos (operações de crédito).

Uso emergencial no Brasil

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) anunciou ontem que vai passar a conceder autorizações temporárias para vacinas contra a covid-19. A agência segue o caminho de órgãos internacionais, como a FDA. O anuncio de ontem permite que a Anvisa conceda autorizações específicas para grupos determinados.  Publimetro com Agência Câmara de Notícias

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