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Assédio sexual no trabalho é realidade para 47% das mulheres

Pesquisa mostra que 33% delas mantêm a agressão em silêncio. Especialistas dizem que as violências continuaram mesmo com trabalho remoto durante a pandemia

O abuso sexual no ambiente de trabalho foi vivenciado por quase metade das mulheres brasileiras. Nem na pandemia, com grande número de trabalhadoras em home office, os casos cessaram. O perfil da violência sexual contra elas no mercado de trabalho foi traçado em parceria entre a plataforma LinkedIn e a consultoria Think Eva. Ele é baseado em entrevistas realizadas neste ano, antes do isolamento social, com 381 mulheres em todo o país.

Os resultados mostram que 47% delas afirmam já terem sido vítima de alguma forma de assédio. O Código Penal determina que o assédio é caracterizado por constrangimento para obter vantagem sexual, e parte de alguém em nível hierárquico maior, com pena prevista de um a dois anos de detenção.

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Mas o que ocorre, de acordo com a pesquisa, é que muitas preferem se manter em silêncio (33%) após a violência. A reação mais comum é contar para alguém próximo (50%) e apenas 5% vão ao setor de recursos humanos denunciar. Uma em cada seis acaba pedindo demissão. Das que optam por ficar, 35% afirmam viver com medo.

“O ambiente corporativo ainda encontra dificuldades em assumir sua parte nessa mudança cultural. Ao fechar os olhos para este problema, reproduz os mesmos comportamentos que, direta ou indiretamente, protegem o agressor e reforçam um cenário perverso em que ele, por sinal, é o único que não sai perdendo”, afirma a diretora da Think Eva, Maíra Liguori.

Apesar de o levantamento ter sido realizado antes da pandemia, pesquisadores acreditam que o ambiente hostil às mulheres continuou. “Os diálogos virtuais se transformaram em uma realidade para muitos profissionais, incluindo assediadores que veem nesse estilo de comunicação uma oportunidade pois aumenta a sensação de proteção que a tela do computador fornece. Os ambientes digitais seguem sendo uma ferramenta essencial, mas que acabam favorecendo esta violência”, diz a diretora e líder do Comitê de Mulheres para o LinkedIn Brasil, Ana Plihal.

A empresa afirma ter registrado aumento de 55% no volume de conversas entre os usuários na plataforma de março de 2019 a março de 2020, com o incremento também de mensagens contendo assédio. Em pesquisa realizada com usuários do LinkedIn, mulheres relataram importunação por meio das redes sociais, em mensagens privadas e comentários de postagens. O Facebook e o Instagram aparecem como os principais meios em que as abordagens ofensivas ocorrem.  

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