Não é preciso ir muito a fundo para encontrar a disparidade de prêmios (e espaço) entre homens e mulheres no Nobel. Desde 1901, quando aconteceu o primeiro evento de premiação, apenas 5% dos vencedores de todas as categorias eram do sexo feminino. No que diz respeito à ciência, os índices são ainda menores (em física, 1% dos prêmios foi para elas).
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Na quarta-feira (7), a Academia Real de Ciências da Suécia anunciou que as cientistas Emmanuelle Charpentier e Jennifer Doudna foram as vencedoras na categoria de química. No mesmo setor, antes delas, apenas cinco cientistas já haviam sido premiadas – como, por exemplo, Marie Curie em 1911.
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Charpetiner e Doudna fizeram história ao publicar uma pesquisa sobre a “tesoura genética”. O método, chamado de Crisp/Cas9, pode revolucionar a ciência genética por conseguir alterar materiais genéticos responsáveis por doenças hereditárias como anemia falciforme, cegueira hereditária e câncer.
Para Mellanie Fontes-Dutra, biomédica, doutora em neurociências e pesquisadora pós-doutoranda em bioquímica pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), a pesquisa é um grande avanço.
“Com esse sistema, é possível trabalhar em células editadas para investigar em laboratórios doenças e modelos genéticos, terapias humanas experimentais, como ensaios clínicos que estão em andamento para anemia falciforme, câncer e distrofia muscular de Duchenne, entre outras doenças”, explica.
Além disso, a especialista comemora a vitória das colegas: “É um dia de muita celebração. Nós lutamos todos os dias para tornar esse ambiente um pouco mais acessível e inclusivo.”
Na terça-feira, outra mulher ganhou destaque. A astrônoma norte-americana Andrea Ghez foi premiada, junto com dois colegas, por estudo a respeito de buracos negros. Na história do prêmio, ela é a quarta vencedora mulher na categoria de física.
* Supervisão Vanessa Selicani