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Eleições 2020: participação de mulheres aumenta, mas como vice

Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

A participação feminina cresceu nas eleições municipais deste ano nas 26 capitais do país. No entanto, as mulheres aparecem mais como vice nas chapas que disputam as prefeituras. A presença como candidatas ao cargo de prefeita não evoluiu após quatro anos.

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O número de mulheres que se colocaram como opção para assumir prefeituras das capitais em 2016 era de 38 dos 209 concorrentes (18,1%). A quantidade de candidaturas femininas até subiu para 56. Porém, com um número maior de candidatos no total – 314 – a participação se manteve estável: 17,8%, com leve redução de 0,3%.

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Por outro lado, a representatividade feminina teve um aumento significativo nos cargos que complementam as chapas: de vice. Se em 2016 a participação era de  27,7% (58 de 209), agora está perto de representar  a metade de todas as candidaturas, com 41,7% (131 de 314), crescimento de 14% (veja mais detalhes no gráfico ao lado).

Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral e estão disponíveis na internet. O site destinado a divulgar candidaturas e contas eleitorais (http://divulgacandcontas.tse.jus.br) reúne informações detalhadas sobre todos os candidatos que pediram registro à Justiça Eleitoral.

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Falta representatividade?

As mulheres são maioria do eleitorado no Brasil. De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 52% dos brasileiros aptos a votar são do sexo feminino, cerca de 77 milhões.

Porém, das 26 capitais brasileiras, apenas três possuem prefeitas. São elas Teresa Surita (MDB), chefe do Executivo de Boa Vista, em Roraima, Cinthia Ribeiro (PSDB), atual prefeita de Palmas, no Tocantins, e Socorro Neri (PSB), que está à frente da prefeitura de Rio Branco, no Acre.

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Cinthia e Socorro, no entanto, foram eleitas em 2016 como vice e viraram prefeitas somente em 2018, quando os prefeitos renunciaram com a intenção de disputar as eleições daquele ano para governador de seus estados.

Na eleição deste ano, três capitais sequer possuem candidatas: Manaus, no Amazonas, Belém, no Pará, e São Luís, no Maranhão. A capital que mais apresenta a opção feminina para o cargo em 2020 é o Rio de Janeiro, com seis candidatas.

Pelo Brasil

Comparação da participação de mulheres nas eleições para as prefeituras das 26 capitais

2016

206 candidatas
• 38 mulheres candidatas como prefeita (18,1%)
• 58 mulheres candidatas como vice (27,7%)

Panorama geral (candidaturas para prefeituras e Câmaras Municipais de todos os municípios do Brasil)
• Mulheres – 31,9%
• Homens – 33,2%

2020

314 candidatas
• 56 mulheres candidatas como prefeita (17,8%) – redução de 0,3%
• 131 mulheres candidatas como vice (41,7%) – crescimento de 14%

Panorama geral (candidaturas para prefeituras e Câmaras Municipais de todos os municípios do Brasil)
• Mulheres – 31,9%
• Homens – 33,2%

Analista explica

Na análise da cientista social da PUC-SP, o preconceito explica o fato da participação das mulheres não ter aumentado nestas eleições.

Porque não há aumento na participação feminina nas eleições municipais como candidatas a prefeita?
Há um preconceito dentro dos partidos em investir em candidaturas femininas, tanto na questão de financiamento, como de tempo e apoio. Mesmo com as ações afirmativas, que obrigam os partidos a investirem pelo menos 30% de recursos nas mulheres, vemos que ainda há muita resistência interna. Fora que a mulher já tem a dupla jornada de trabalho e cuidar dos filhos, o que acaba as afastando da política.

O aumento da participação como vice é importante?
Sim. Esse crescimento é uma grande conquista para as mulheres que conseguem participar das negociações e se colocar para concorrer a um cargo é importante na estrutura política. Claro que ainda estamos longe da representatividade ideal, mas a tendência é que melhore a partir da luta dentro dos partidos.

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