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Donald Trump: o magnata cético e agora contaminado pelo coronavírus

Da injeção de desinfetante à lotação de comícios, veja ao menos seis vezes em que o presidente minimizou a doença que já matou mais de 1 milhão no mundo

Arte/Metro Jornal

O atual líder dos Estados Unidos, Donald Trump, 74 anos, recebeu na quinta-feira a mesma notícia que outras quase 35 milhões de pessoas ao redor do globo já haviam recebido: o diagnóstico positivo para o coronavírus Sars-Cov-2.

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O presidente norte-americano teve resultado confirmado para a doença após sua assessora, Hope Hicks, ter testado positivo no mesmo dia mais cedo. De acordo com agências internacionais, os dois estiveram juntos semana passada na Air Force One, aeronave presidencial em que Trump viajou para o debate com Joe Biden. A primeira-dama dos EUA, Melanie Trump, também está com covid-19.

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O episódio, todavia, acontece após diversas situações em que o candidato à reeleição menosprezou a gravidade e mortalidade do vírus. Constantemente visto sem máscaras, no último debate presidencial, Trump fez brincadeiras com Joe Biden, opositor democrata, ao dizer que, diferentemente do oponente, não era tão medroso para a doença e utilizava o acessório de proteção “somente quando necessário”.

Para 65% dos americanos, o presidente não teria contraído covid-19 se tivesse levado o vírus a sério. A pesquisa é do Instituto Ipsos com a agência Reuters. O Metro Jornal reuniu as frases mais polêmicas de Trump em meio à pandemia de covid-19.

‘Tudo sob controle. vai ficar tudo bem’

Em 21 de janeiro, o primeiro paciente de coronavírus foi confirmado em território estadunidense. O morador de Seattle havia retornado de uma viagem à China, onde o vírus foi identificado em dezembro de 2019. Em primeiro pronunciamento sobre o paciente, Trump disse: “É uma pessoa vinda da China. Temos tudo sob controle. Vai ficar tudo bem.”

Exatamente um mês depois, em 22 de fevereiro, o presidente reforçou aos cidadãos norte-americanos que o coronavírus representava um risco “muito pequeno ao país”. Mas em áudio divulgado recentemente, Trump teria dito à jornalista, 15 dias antes, que havia minimizado, propositalmente, a gravidade da doença para não gerar “alerta”.

‘Não estou nem um pouco preocupado’

Quando questionado sobre os eventos de campanha eleitoral, que chegaram a reunir centenas de apoiadores em locais fechados, sem distanciamento social ou com proteção de máscaras, Trump afirmou não estar preocupado com o contágio. “Eu estou em um palco, fica muito distante, então não estou nem um pouco preocupado”, disse o republicano.

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Ainda em meados de março, quando a pandemia de covid-19 não havia sido decretada pela OMS, Trump elogiou a si mesmo por seus conhecimentos inatos sobre o vírus. “As pessoas estão surpresas que eu entenda das coisas (…) Cada um dos médicos diz: ‘Como você sabe tanto sobre isso?’ e eu respondo que talvez tenha uma habilidade natural”, contou o republicano.

Cloroquina como prevenção do vírus

Em 7 de abril, quatro dias antes dos Estados Unidos se tornarem os recordistas de mortes pela doença – índice que se mantém até os dias atuais -, Trump recomendou, sem embasamento científico ou de autoridades médicas do país, o uso da cloroquina e hidroxcloroquina (medicamentos usados no tratamento de malária) como dose de prevenção ao contágio da doença.

De fato, o medicamento pode ter sido utilizado durante o tratamento de pacientes, mas órgãos internacionais de saúde nunca chegaram a um consenso de comprovação. Segundo os médicos do presidente, o medicamento também não está entre os prescritos no tratamento ao vírus, que acontece no hospital militar dos EUA, Walter Reed.

Sugeriu a injeção de desinfetante

“O desinfetante derruba o coronavírus em um minuto. Pode existir uma maneira de fazer algo desse tipo por dentro, com uma injeção, ou quase como uma limpeza. Seria importante verificar isso”, afirmou o presidente em coletiva de imprensa. Dias depois, casos de emergência ao redor dos Estados Unidos começaram a chegar em pronto atendimentos. Cidadãos norte-americanos estavam ingerindo o produto de limpeza.

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Quando questionado sobre os casos no país, Trump respondeu: “Eu não imagino o porquê.” Na época, a cidade de Nova York era o epicentro da pandemia no mundo com quase mil mortes diárias. Somente na metrópole, mais de 30 ocorrências foram reportadas 18 horas após a fala do presidente. Em debate recente, Trump disse que estava sendo “sarcástico”.

‘Estamos em um bom lugar’

Ao receber críticas do principal especialista em doença infecciosas dos EUA e da Casa Branca, Anthony Fauci, Trump apontou que o especialista é quem foi o responsável por “muitos erros”. “Temos casos em todo lugar. A maioria melhora imediatamente. São pessoas jovens, fungam e dois dias depois estão bem e não estão doentes”, considerou Trump.

O presidente continua a afirmar, desde fevereiro, que a vacina para a covid-19 está perto de ser autorizada nos Estados Unidos. No debate semana passada, afirmou que os Estados Unidos estão “semanas distantes de uma dose”, constatação que foi derrubada por presidentes e cientistas de farmacêuticas que desenvolvem o imunizante.

As constantes acusações à China

“Não é culpa de ninguém além da China”, “esta praga chinesa”, “nós temos que responsabilizar quem espalhou esta praga no mundo” e outros episódios de menção ao país asiático como o causador da pandemia de covid-19 não é incomum de ser visto pelas bocas do presidente.

A rivalidade entre os países que lideram a economia mundial fez com que Trump chegasse a romper com a OMS (Organização Mundial da Saúde) em maio. Em discurso durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, Trump disse: “Temos que responsabilizar a nação que gerou essa praga no mundo todo, a China (…) Este governo chinês, e a Organização Mundial da Saúde, que está virtualmente controlada pela China”.

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