Em meio a tantas preocupações com a pandemia do novo coronavírus, pode não parecer, mas dentro de exatos 90 dias os paulistanos irão às urnas escolher o novo prefeito. Os nomes dos concorrentes só serão confirmados nas convenções em setembro, mas ao menos 17 pré-candidatos já se apresentaram.
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Na lista estão o prefeito Bruno Covas (PSDB), o ex-governador Márcio França (PSB), o ex-secretário municipal Jilmar Tatto (PT), os deputados Celso Russomanno (Republicanos) e Joice Hasselmann (PSL) e o ex-presidenciável Guilherme Boulos (PSOL).
Já enfraquecida nos últimos pleitos, a polarização entre PSDB e PT tem pouca chance de se repetir, segundo analistas ouvidos pelo Metro Jornal. Entre as razões estão a fragmentação das candidaturas, a entrada do bolsonarismo e o risco que os petistas correm de perder a hegemonia como representantes da esquerda.
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“A disputa entre PSDB e PT, neste momento, está em plano secundário”, disse o pesquisador do laboratório de Política e Governo da Unesp (Universidade Estadual Paulista), Rogério Baptistini.
No campo da esquerda, a liderança histórica do PT será confrontada tanto por PSOL e PCdoB, mais extremos, como por França, que foi ao segundo turno com João Doria (PSDB) na briga pelo estado em 2018 e buscará a simpatia dos eleitores mais ao centro.
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Segundo o cientista político Antonio Lavareda, ainda não se tem com clareza a imagem de quem vai reunir os votos da esquerda. Nem os da direita, “já que o bolsonarismo e o antibolsonarismo serão elementos dessa disputa”.
Pela direita, é de se esperar por candidatos que defendam as pautas do presidente Jair Bolsonaro e também pelos que irão explorar os eleitores descontentes com o presidente, mas que ainda são direitistas. “Tudo aponta para uma eleição com atores novos e forte teor de nacionalização.”

Tatto é um nome ainda com pouca familiaridade para o eleitor, mas que deve se ancorar no apoio de petistas como o ex-prefeito Fernando Haddad e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Isolar o PT e rejeitar a sua concepção de esquerda devem ser as marcas das campanhas de Silva e também de Boulos, que almeja ser o novo líder do bloco e deverá ter como vice a deputada federal Luiza Erundina (PSOL) – ex-prefeita e que tem a simpatia de petistas do período pré-mensalão.

Matarazzo está mais à direita e também deve buscar os votos dos eleitores descontentes com Bolsonaro. No lado oposto está França, voltado para a esquerda e também de olho nos descontentes, mas, nesse caso, com os desiludidos com a esquerda tradicional.
Covas é candidato à reeleição e um dos representantes da juventude do PSDB, com acenos à direita e à esquerda. Já Russomanno foi cotado para ser vice de Covas, mas deve mesmo se lançar pela terceira vez na disputa pela prefeitura.

‘Dono’ do partido do vice-presidente Hamilton Mourão, Levy deve defender com mais ênfase as pautas bolsonaristas, assim como Sabará, que trabalhou com Doria na prefeitura e no governo do estado, mas rompeu com o tucano.
Ex-líder de Jair Bolsonaro na Câmara, Joice deve mirar nos eleitores à direita, mas que hoje se opõem ao presidente. A mesma fatia dever ser explorada por Arthur, que veio do MBL (Movimento Brasil Livre), grupo que também deixou de apoiar o governo.

Fora da vida política desde 2018, Marta se filiou em abril ao Solidariedade e pode concorrer como cabeça de chapa ou compor como vice. Ainda não anunciou se vai entrar no jogo ou não.
No monte
Especialistas ouvidos pelo Metro Jornal analisaram que a eleição deverá ser fragmentada e com atores novos. A polarização entre PSDB e PT está enfraquecida e ainda não há clareza sobre quem será o representante majoritário da direita – com elementos do bolsonarismo e do antibolsonarismo –, e nem o representante principal da esquerda, agora que a hegemonia do PT está em risco.
Outros pré-candidatos: Eduardo Jorge (PV), Marcos da Costa (PTB), Vera Lúcia (PSTU), Vivian Mendes (UP), Ribas Paiva (PTC) e Antonio Carlos Mazzeo (PCB).
*O número deve subir para 18, pois a Rede promete lançar um pré-candidato. O nome ainda não foi anunciado.