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Homicídio culposo em acidente de trânsito fica dentro da média em São Paulo

Apesar da quarentena, capital paulista vê pouca diferença neste tipo de ocorrência entre março e junho

Marcelo Gonçalves/Folhapress

Mesmo com a quarentena na cidade de São Paulo, o índice de homicídios culposos por acidente de trânsito ficou próximo da média dos últimos três anos. Esse delito se caracteriza quando não há intenção de matar por parte de quem causou o acidente.

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Entre março e junho, houve 120 registros – redução de apenas 8% em relação ao mesmo período do ano passado. Na comparação com a média dos últimos três anos, a diferença é ainda menor, de 5% a menos.

Os dados foram levantados pela Rádio Bandeirantes com informações da SSP (Secretaria de Segurança Pública). Com menos veículos em circulação na capital, esse número poderia ter caído de forma expressiva, segundo especialistas, mas isso não aconteceu.

Para o diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, Dirceu Rodrigues, a principal razão é que com o trânsito livre muitos motoristas abusaram. «Houve maior facilidade do trânsito, sem engarrafamento. Os indivíduos passaram a usar o primeiro fator desencadeante dos traumas de trânsito, que é a velocidade. O elemento principal em termos de produzir lesões graves, gravíssimas e mortes.»

A pandemia também fez com que muitas pessoas recorressem ao trabalho de entregas por aplicativo, principalmente com motos. Esse é outro fator que contribuiu para os números terem ficado perto da média.

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Segundo José Aurélio Ramalho, diretor do Observatório Nacional de Segurança Viária, a inexperiência dos novos “motofrentistas” resultou em acidentes. «O desemprego e a situação que o país vive hoje estão levando mais pessoas a trabalhar com a motocicleta. Há uma necessidade de efetuar as entregas prestando atenção em trajetos diferentes, que não há um domínio, e isso tem agravado o número de acidentes.»

Os especialistas entendem ainda que a ausência de políticas públicas com base no Código de Trânsito influencia nesses números, além da falta de um trabalho mais abrangente de consciência social. «A educação de trânsito deveria estar sendo aplicada desde a infância até o final da adolescência, com o intuito de fazer o indivíduo chegar aos 18 anos um verdadeiro cidadão, respeitando as regras e tendo consciência do risco que é conduzir uma máquina sobre rodas», afirma Rodrigues.

«Nas escolas, educar sobre trânsito pode ser a grande transformação que o país precisa fazer para ter o espaço público compartilhado, com mais educação, respeito e menos acidentes», completa Ramalho.

No estado de São Paulo também foi pequena a redução de homicídios culposos por acidente de trânsito. Entre março e junho, houve 973 registros – queda de 10% em relação ao mesmo período do ano passado. Na comparação com a média dos últimos três anos, a diferença é de apenas 7%.

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