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‘Se não fizéssemos, o Estado seria conivente’, diz diretor de hospital que interrompeu gravidez de menina

Olímpio Barbosa é diretor do CISAM-PE, onde aborto foi realizado no domingo Reprodução

O diretor-médico do CISAM -PE (Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros), Olímpio Barbosa, comentou sobre os protestos que tomaram a frente do hospital, em Recife, no último domingo (16) depois que uma menina de 10 anos, vítima de estupro, chegou ao local para interromper a gravidez que colocava sua própria vida em risco.

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Em entrevista à BandNews FM, Barbosa falou sobre sua reação ao ver os chamados grupos pró-vida exigindo que o aborto não fosse feito.

«Foi de tristeza, pessoas que defendem a vida chamando a criança de assassina, querendo fazer justiça dessa forma, logo em uma maternidade que acolhe mulheres em risco, fazendo barulho em um hospital com 104 mulheres internadas. Nunca passei por nada parecido», frisou o médico.

A menina, natural do Espírito Santo, foi levada a um hospital no último dia 8 de agosto por uma tia. Lá a gravidez foi detectada e a criança revelou que sofria estupros frequentes de um tio desde os 6 anos. O estuprador está foragido desde então. A Justiça capixaba deu permissão para a interrupção da gravidez, que não foi feita no estado pois alguns médicos se recusaram  a fazê-la.

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Segundo o diretor-médico, são realizados por volta de 50 procedimentos ao ano no CISAM-UPE, em Pernambuco, relacionados ao estupro, e disse ser comum meninas de 11 a 12 anos procurarem assistência médica para uma gravidez vinda de uma violência sexual.

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«Se nós não fizéssemos nada, o Estado brasileiro estaria conivente com a dor e a violência. O mais importante é que ela não queria, foi torturada, obrigar uma criança a ter uma gravidez forçada é um absurdo», disse.

O médico gestor do CISAM afirmou ainda que o caso da menina de 10 anos é raro, por não ser comum uma criança desta idade ovular e possibilitar uma gravidez, e disse que, se a gestação não fosse interrompida, provavelmente ela teria complicações por não ter um corpo desenvolvido.

O Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (CISAM-UPE) é referência estadual nesse tipo de procedimento e de acolhimento às vítimas, e para Olímpio há uma «hipocrisia» no assunto de interromper gestações vindas de estupros.

«A classe alta procura o aborto com maior frequência do que a classe desfavorecida. O Brasil é o país da hipocrisia. A defesa da vida é uma falácia. Se consideram que o embrião tem vida, deveriam estar nas portas das clínicas de reprodução humana, que descartam milhares de embriões», pontuou.

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