No estoque do Ministério da Saúde, estão 9,85 milhões de testes do tipo RT-PCR parados há meses. A informação foi divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo, que teve acesso a documentos internos do ministério.
O número de testes inutilizados é quase o dobro dos 5 milhões entregues até agora pelo governo federal a Estados e municípios pelo país. Segundo a pasta, os testes não estão sendo enviados pela falta de insumos e reagentes usados em laboratório para processar amostras de pacientes.
LEIA MAIS:
Bolsonaro causa aglomeração e tira máscara em primeira viagem após isolamento
Butantan faz testagem gratuita para identificar assintomáticos com covid-19
Recomendados
Lotofácil 3083: resultado do sorteio desta sexta-feira (19)
Sem empréstimo, sem enterro! Tio Paulo ainda não foi enterrado porque família alega não ter dinheiro
“Tio Paulo” era um homem simples, sem mulher ou filhos, dizem vizinhos. “Gosta de um biricutico”
O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) conta ainda que tais insumos não são entregues regularmente ou por completo pelo Ministério, que comprou os milhões de exames sem ter a garantia de que disporia dos reagentes necessários para processar os testes. A pasta afirma que enfrentou dificuldades para encontrar todos os insumos no mercado internacional, mas que está estabilizando a distribuição conforme recebe importações de fornecedores.
A pasta não explicou se recebeu algum alerta dos técnicos, durante o planejamento, sobre o risco de os testes ficarem parados pela falta de insumos. Também não informou quantos reagentes utilizados na etapa de extração das amostras foram entregues.
A falta destes insumos também gera um acúmulo de testes inutilizáveis nos estoques dos Estados e municípios, à espera de produtos que possibilitem seu processamento. Tal empecilho distancia o país da meta de exames para covid-19 estabelecida por governantes: técnicos do ministério chegaram a projetar que o País realizaria 110,5 mil testes por dia, mostra ata do Centro de Operações de Emergência (COE) da pasta, de 4 de junho. A média diária em julho, porém, foi de 15,5 mil exames, segundo último boletim epidemiológico da Saúde.
Apesar do atraso nos diagnósticos, o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, já minimizou a falta de testes. «Criaram a ideia de que tem de testar para dizer que é coronavírus. Não tem de testar, tem de ter diagnóstico médico para dizer que é coronavírus. E, se o médico atestar, deve-se iniciar imediatamente o tratamento», afirmou em entrevista à revista Veja no último dia 17.
A falta de testagem se reflete no alto número de casos sem diagnóstico adequado. Até 18 de julho, o Brasil registrou 441 194 internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), sendo 213.280 para covid-19. Há ainda mais de 80 mil internações em investigação e 141,6 mil classificadas como síndrome «não especificada».