Estudo divulgado nesta segunda-feira (27) pela Oxfam revela que a pandemia não apenas poupou os 73 bilionários da América Latina e Caribe, como também fez crescer suas fortunas.
Ainda, oito novos bilionários surgiram na região durante este período, enquanto cerca de 40 milhões de pessoas deverão perder seus empregos e por volta de 52 milhões entrarão na faixa da pobreza por conta da crise econômica.
O relatório «Quem Paga a Conta? – Taxar a Riqueza para Enfrentar a Crise da Covid na América Latina e Caribe» mostra que as riquezas destes indivíduos cresceram em 17%, equivalente a US$ 48,2 bilhões, durante a crise sanitária. Este valor equivale a um terço do total de recursos dispensados por todos os países da região para estimular a economia durante a pandemia.
Recomendados
Cemitérios de São Paulo cobram taxas para exumar e reenterrar corpos
Resultado da Lotofácil 3065: prêmio desta quinta-feira vale R$ 4 milhões
“Quer ganhar um fuzil?” Motoboy rifava armas e munições em São Paulo
No Brasil, 42 bilionários viram suas fortunas crescerem US$ 34 bilhões, chegando a um total de U$ 157,1 bilhões.
LEIA MAIS:
Governo facilita flexibilização da quarentena com ‘recalibragem’ do Plano São Paulo
População desocupada somou 11,5 milhões entre 28 de junho e 4 de julho, diz IBGE
A Oxfam comenta, sobre o relatório, que «ver um pequeno grupo de milionários lucrar como nunca numa das regiões mais desiguais do mundo é um tapa na cara da sociedade», que luta para manter uma renda que assegure sua sobrevivência.
Diretora executiva da entidade no Brasil, Katia Maia ressalta que a «covid-19 não é igual para todos»: «Enquanto a maioria da população se arrisca a ser contaminada para não perder emprego ou para comprar o alimento da sua família no dia seguinte, os bilionários não têm com o que se preocupar. Eles estão em outro mundo, o dos privilégios e das fortunas que seguem crescendo em meio à, talvez, maior crise econômica, social e de saúde do planeta no último século”.
Como resposta à crise, a Oxfam defende a criação de impostos extraordinários às grandes fortunas, aos resultados extraordinários de grandes corporações, e redução de impostos para aqueles que se encontram em situação de pobreza. Ainda, a entidade levanta a importância de diminuir ou eliminar tributos sobre consumo de produtos de higiene e cestas básicas.
A Oxfam relata que, nas últimas décadas, a cobrança de impostos sobre grandes fortunas vem regredindo. Com o desenho atual do imposto sobre patrimônio, existente em apenas três países (Argentina, Colômbia e Uruguai), a estimativa de arrecadação dos bilionários da região chegaria a um total máximo de US$ 281 milhões.
No entanto, se fosse aplicado em todos os países latino-americanos um imposto extraordinário sobre as grandes fortunas com caráter progressivo – como propõe a entidade –, seria possível arrecadar até US$ 14,26 bilhões, ou seja, cinquenta vezes mais.