Os usuários do Metrô e da CPTM têm reparado um aumento significativo de ambulantes nos vagões de São Paulo durante o último mês. De acordo com o economista Sérgio Vale, isso é um termômetro do crescimento do desemprego na cidade.
“Existe uma massa muito grande de demitidos, consequência da pandemia do coronavírus. É muito perigoso, porque não há uma previsão de retomada a curto prazo. O mercado de trabalho terá uma base frágil daqui para frente”, afirma.
Segundo o IBGE, 368 mil brasileiros foram demitidos de trabalhos formais nos últimos três meses, desde o começo da pandemia do coronavírus. Jairo Eugênio, de 41 anos, é um deles.
Ele trabalhava desde 2010 na equipe de pesquisas da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, no ABC – em março, foi mandado embora com a explicação de que a unidade precisava enxugar gastos. 15 dias depois, em abril, arrumou um novo emprego – caixa de supermercado, onde ficou por duas semanas – até ser demitido de novo.
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Jairo então juntou a paixão pelo violão com a necessidade de completar a renda e foi aos vagões do Metrô para conseguir dinheiro. Ele contou que toca e canta todos os dias da semana, das 10 da manhã às 6 da tarde, e percorre todas as linhas atrás de pessoas que contribuam com algum trocado. “Ganho 100 reais em um dia bom, o que é muito difícil. Na média, tiro uns 30, 40 reais por dia”.
Há dois meses como ambulante, o Jairo reduziu, pelo menos, em 60% o que ganhava por mês para sustentar duas filhas e a casa onde mora, em Artur Alvim, na Zona Leste de São Paulo. E ainda luta para tentar arrumar um novo trabalho.
Em nota enviada à Rádio Bandeirantes, o Metrô e a CPTM afirmaram que o comércio é proibido nos vagões e atuam para coibir esse tipo de atividade.