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Queda do Muro de Berlim, símbolo máximo da Guerra Fria, completa 30 anos no sábado

No dia 9 de novembro de 1989, caía o Muro de Berlim, acelerando o colapso do império soviético na Europa e abrindo caminho para a reunificação da Alemanha.

A maior parte do século 20 foi marcada pela divisão do mundo em dois blocos: o capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e o comunista, encabeçado pela União Soviética. Cada um deles mantinha países sob sua área de influência política, social, econômica e militar. Das nações ocidentais, a Alemanha foi a que mais sentiu os impactos do tenso abismo político aberto pelas duas potências. Nele, durante 10.315 dias (pouco mais de 28 anos), desabaram milhões de vidas, sonhos, paixões e esperanças que, hoje, se tornaram mais uma lição da história para jamais ser esquecida. A queda do Muro de Berlim, que fazia a separação física, completa neste sábado (9) 30 anos. Confira os fatos que marcaram esta divisão.

Ascensão…

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1945
Pelo acordo de Potsdam, os vencedores da 2ª Guerra Mundial (EUA, França, Reino Unido e União Soviética) dividem a Alemanha e Berlim em 4 zonas, uma para cada um

1948
A União Soviética, comunista, desentende-se com os três países capitalistas e institui o Bloqueio de Berlim, impedindo o comércio com o lado ocidental da cidade

1949
Nasce a República Democrática Alemã, comunista, sob influência da União Soviética

1952
A Alemanha Oriental ergue cercas com dispositivos de alarme, abre “faixas protetoras” de 500 metros de largura e intensifica o policiamento para prender suspeitos de fuga

1953
Endurecimento político da União Soviética faz com que 875 mil alemães orientais se desloquem para a Alemanha Ocidental em quatro anos

1949-1961
Calcula-se que 3,5 milhões de alemães orientais tenham passado para o lado ocidental nesse período

1961
Na madrugada do dia 13 de agosto, tanques russos tomam conta das ruas e milhares de metros de arame farpado fecham a fronteira entre as duas cidades. São instaladas torres de segurança e cercas eletrificadas e as conexões de trânsito são bloqueadas. Trabalhadores que haviam saído para trabalhar, de um lado não podem mais voltar para casa do outro lado. Nas semanas seguintes, o muro de concreto começa a subir

…e queda (em 1989)

• Os planos glasnost (transparência) e perestroika (reconstrução), do líder soviético Mikhail Gorbachev, “contaminam” cidadãos do bloco comunista

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• Protestos por liberdade de expressão e de imprensa crescem pelo país

Hungria (comunista) libera sua fronteira com a Áustria (capitalista)

25 mil alemães orientais vão para a vizinha Hungria, fogem para a Áustria e pedem asilo na embaixada da Alemanha Ocidental em Viena

• Em 9 de novembro, durante uma entrevista transmitida na televisão alemã-oriental, uma autoridade soviética anuncia a decisão de Moscou de abolir totalmente as restrições de viagens para o lado ocidental. O episódio entrou para a história por conta de um mal-entendido. A medida deveria ser implantada gradualmente. Mas, questionado por um jornalista sobre quando passaria a valer, o porta-voz do governo oriental se atrapalhou e respondeu: “Pelo que sei, ela entra… já, imediatamente”. O pronunciamento era transmitido ao vivo, o que levou uma multidão aos checkpoints. O tenente-coronel Harald Jäger ordena, às 22h30, a abertura do ponto de passagem e o fim do controle de passaportes. Entre 23h30 e 0h15, cerca de 20 mil pessoas cruzam pacificamente o muro.

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O muro

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O muro era na verdade formado de dois obstáculos, um voltado para o lado ocidental (mais simples), com o topo arredondado, e outro mais difícil, com arame farpado além do muro. Entre eles, havia uma área chamada de “Faixa da Morte”, que em alguns pontos chegava a ter 100 metros de extensão.

Os checkpoints controlavam a passagem de pessoas. O mais famoso foi o Checkpoint Charlie, por onde podiam passar para o lado comunista estrangeiros e membros das Forças Aliadas. Já as viagens para o lado Ocidental eram autorizadas sob condições rígidas, demoravam cerca de quatro semanas para sair e custavam caro.

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Números

• 155 km
extensão total do muro, que, além de dividir a cidade, também cercava toda a área de Berlim Ocidental

• 4 metros
altura média do muro

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• 100 metros
extensão da chamada “faixa da morte”

• 14
checkpoints fiscalizavam o tráfego de pessoas e mercadorias entre os dois lados

• 302
torres de vigilância instaladas ao longo da fronteira entre as duas Alemanhas

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• 259
recintos abrigavam cães de guarda

• 12
linhas de trem e metrô interrompidas pela construção do muro

• 193
ruas tiveram trajetos bloqueados ou alterados

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• 136
alemães orientais foram mortos tentando passar para o lado ocidental

• 251
viajantes dos dois lados morreram durante a fiscalização na fronteira separada pelo muro, a maioria de ataque cardíaco

• 5.075
fugas bem-sucedidas

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Passados 30 anos…

A Alemanha tornou-se o país mais pujante da Europa, porém ainda existem contrastes entre as regiões leste (ex-comunista) e oeste (capitalista). O PIB per capita do oeste é 33% maior do que o do leste. Em 2018, o salário médio de um funcionário do oeste era de € 3.339 por mês, enquanto no leste era de € 2.600. Marcas globais, como VW, Siemens e Bayer, ficam sediadas no lado oeste, e sequer uma empresa da Bolsa de Valores de Frankfurt está no leste. Desde 1991, a população do leste encolheu de 14,6 milhões para 12,6 milhões, enquanto a do oeste cresceu de 65,3 para 69,6 milhões.

O Memorial do Muro de Berlim é uma janela mantida aberta para lembrar a infâmia da Guerra Fria.

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East Side Gallery

É o maior trecho do Muro ainda de pé, com 1,3 km de extensão, seguindo as margens do rio Spree. Criada em 1990, a galeria é formada por 106 grafites e pinturas aplicados na face leste do muro (do lado comunista), a maioria fazendo referência aos acontecimentos políticos da época, quase todos de forma colorida e bem-humorada.

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Agora é hora de comemorar!

Até domingo (10), haverá encenações em vários pontos históricos da cidade. As vítimas da ditadura serão lembradas. Pessoas serão convidadas a se colocarem como um cidadão daquela época para ter uma experiência mais real dos acontecimentos. Na rota da revolução, berlinenses e turistas de todo o mundo celebrarão a festa da liberdade. No encerramento, a cidade se unirá em uma grande e única comunidade. Todos os palcos de shows musicais tocarão a mesma música, ao mesmo tempo, a ser entoada por um coro de artistas e espectadores.

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