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Conheça os feitos de Abiy Ahmed, vencedor do Nobel da Paz de 2019

O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, de 43 anos, venceu nesta sexta-feira (11) o prêmio Nobel da Paz em 2019.

Segundo o comitê norueguês responsável pela honraria, Ahmed foi laureado por causa de «seus esforços para alcançar a paz e a cooperação internacional, principalmente em função de sua decisiva iniciativa para resolver o conflito de fronteira com a vizinha Eritreia».

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«O prêmio Nobel da Paz em 2019 pretende também reconhecer todas as partes interessadas que trabalham pela paz e pela reconciliação na Etiópia e nas regiões da África oriental e norte-oriental», disse o comitê.

No poder desde abril de 2018, após a onda de manifestações que derrubou seu antecessor, Hailemariam Desalegn, Ahmed surpreendeu o mundo ao anunciar, em junho seguinte, que estava pronto para assinar um acordo de paz com a Eritreia.

Os dois países estavam em guerra desde 1998 pela posse da região fronteiriça de Badme. Na ocasião, o primeiro-ministro etíope disse que aceitava integralmente os termos do tratado de paz assinado em dezembro de 2000, após a morte de 70 mil a 100 mil pessoas em cerca de dois anos de conflito.

A reviravolta promovida por Ahmed, um reformista que busca estabilizar a Etiópia, encerrou 20 anos de estado de guerra entre os dois países do Chifre da África.

«Em estreita colaboração com Isaias Afwerki, o presidente da Eritreia, o premiado deste ano rapidamente elaborou os princípios de um acordo de paz para colocar fim à longa situação de impasse de ‘nenhuma paz, nenhuma guerra’ entre Etiópia e Eritreia», disse o comitê do Nobel, citando também as reformas econômicas e políticas de Ahmed para deixar para trás o histórico de caos de seu país.

Por meio de seu gabinete, o premier afirmou que a Etiópia está «orgulhosa enquanto nação» pelo prêmio. Ex-militar, o chefe de governo pertence à nova geração de políticos etíopes e é da etnia oromo, grupo majoritário, porém marginalizado, no país.

Sua nomeação como primeiro-ministro chegou após anos de protestos contra Desalegn, e logo em seus primeiros quatro meses de governo Ahmed libertou milhares de presos políticos e legalizou grupos de oposição classificados até então como «terroristas».

«Sua visão ajudou a Etiópia e a Eritreia a alcançarem uma reaproximação histórica, e sua liderança deu um maravilhoso exemplo para os outros na África e além», afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres.

Ao contrário de outras situações de resolução de conflitos já premiadas pelo Nobel da Paz, apenas um lado garantiu a honraria neste ano. Afwerki, no poder na Eritreia desde 1993, é acusado de violações dos direitos humanos por perseguir opositores e impor serviço militar compulsório a todos os homens.

O conflito

Independente da Etiópia desde 1993, a Eritreia entrou em guerra com o país vizinho em 1998, pela posse da região de Badme, que ajudaria Asmara a conquistar sua independência econômica, mas que Adis Abeba reivindicava como sua.

Em dezembro de 2000, após a morte de 70 mil a 100 mil pessoas no conflito, Afwerki e o então primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi, firmaram um acordo de paz em Argel, na Argélia. A Etiópia, no entanto, mantinha desde então uma presença militar em Badme, apesar de um comitê patrocinado pela ONU ter determinado que a região ficasse com a Eritreia.

O acordo de paz definitivo foi assinado por Ahmed e Afwerki em 16 de setembro de 2018, na Arábia Saudita, mas, antes disso, os países já haviam inaugurado voos entre suas capitais, restabelecido comunicações telefônicas e reaberto as fronteiras.

Outro lado

A ONG Anistia Internacional reconheceu os esforços de Ahmed pela paz, mas disse que seu trabalho está «longe de ser concluído».

A entidade destacou que o prêmio deve incentivar o primeiro-ministro a enfrentar «desafios nos direitos humanos que ameaçam desperdiçar tudo o que foi alcançado até agora».

«Ele precisa assegurar, com urgência, que seu governo lide com as tensões étnicas que arriscam provocar instabilidade e novos abusos no campo dos direitos humanos», afirmou.

Ainda segundo a Anistia, a legislação antiterrorismo do país continua sendo usada como «instrumento de repressão».

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