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Pesquisa do Idec identifica produtos que fingem ser ecológicos

Muitos consumidores estão dispostos a pagar mais caro por produtos fabricados por empresas preocupadas com o meio ambiente, mas uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) mostram que eles podem estar sendo enganados.

Os técnicos analisaram 518 produtos das categorias de higiene, cosméticos, limpeza e utilidades domésticas que têm, no rótulo, alguma informação que dê a entender que eles são ambiental ou socialmente corretos, e constatou que, no caso de quase metade (47,7%), tudo não passa da estratégia de marketing.

Entre os problemas encontrados estão alegações falsas, vagas ou sem provas.

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«Quando você informa que um produto é amigo da natureza, ecofriendly, ecológico ou sustentável, em geral não existem meios para verificar a veracidade dessas informações, até porque esses conceitos são extremamente vagos», diz a analista da área de energia e consumo sustentável do Idec, Letícia Bonani.

A categoria com mais problemas foi a de higiene e cosméticos; os produtos, muitas vezes, têm informações irrelevantes, segundo Letícia.

«É o caso da informação de que o produto não contém CFC (clorofluorcarboneto). Isso não diz nada ao consumidor, porque não usar CFC é obrigação das empresas.»

Essa prática é chamada de «greenwashing», ou, em tradução livre, «lavagem verde»: ela consiste no uso de alegações falsas, enganosas, imprecisas, impossíveis de comprovar e até absurdas, como a citada pela assistente jurídica do Idec Marina Meira.

«A gente encontrou uma embalagem de copo descartável com a frase ‘Você economiza água usando descartável’. Você realmente economiza água porque não precisa lavar, mas, ainda assim, o plástico é muito prejudicial ao meio ambiente, e a empresa tenta vender o produto como se ele tivesse alguma vantagem ecológica», diz.

Algumas leis e normas em vigor no Brasil condenam o greenwashing: uma é o próprio Código de Defesa do Consumidor, que classifica como propaganda enganosa aquela que induz a pessoa a erro.

Já a Política Nacional de Resíduos Sólidos diz que as empresas devem dar informações claras para que o consumidor minimize danos ao meio ambiente quando usa um produto.

Marina Meira cita, ainda, algumas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas. «Existe uma norma da ABNT que proíbe o uso de alegações completamente vagas e estabelece, por exemplo, que um produto só pode ser classificado como biodegradável se tiver determinadas qualidades ou passar por estudos técnicos.»

O Idec notificou empresas e algumas se comprometeram a fazer mudanças nas embalagens.

Para evitar cair em pegadinhas como essas, o instituto sugere que o consumidor não compre produtos que têm alegações muito vagas e dê preferência aos que têm selos certificados por algum órgão conhecido, como a própria ABNT e a ONG WWF.

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