Em entrevista concedida na segunda-feira, 15, o ex-ministro Ciro Gomes, principal nome do PDT, defendeu que todos deixem espontaneamente o partido, o que seria «mais digno» do que esperar por uma eventual expulsão.
Entre os oito parlamentares ameaçados de punição – chamados de «desobedientes» pelo presidente do PDT, Carlos Lupi –, está a deputada Tabata Amaral (SP), até então vista como uma das principais apostas de renovação do partido e cotada para disputar a Prefeitura de São Paulo nas eleições do ano que vem. Um ano atrás, Ciro chegou a almoçar na casa da família de Tabata, em um bairro da periferia de São Paulo, num sinal público de prestígio da então candidata à Câmara.
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«Ninguém pode servir a dois senhores», afirmou Ciro, lembrando que ele próprio trocou sucessivas vezes de partido. «Eu acho que o mais digno – não quero particularizar nela (Tabata), porque foram ela e mais sete – é fazer o que eu fiz. Fui filiado e ajudei a fundar o PSDB, que tinha um programa lindo, que tinha uma série de propostas muito sérias, foi para o governo e fez o oposto. Chafurdou na corrupção, nas privatizações, na roubalheira. O que fiz? Saí.»
O ex-ministro disse que a executiva nacional vai respeitar todos os trâmites internos, entre eles, o direito de defesa. Mas, segundo ele, tanto Tabata como seus colegas tiveram a oportunidade de apresentar sua posição em «inúmeras reuniões» prévias convocadas pela sigla para tratar do projeto da Previdência. Segundo o relato de Ciro, até a antevéspera da votação Tabata não teria manifestado qualquer intenção de endossar o texto apresentado pelo presidente Jair Bolsonaro – que, entre outras modificações, prevê o aumento da idade mínima para requerer a aposentadoria.
Ao justificar a sugestão, Ciro afirmou que a decisão de deixar a sigla deveria ser tomada pelos colegas não apenas «pelo passado», mas «pelo que está por vir». Ele citou a perspectiva de votação de projetos como a reforma tributária e privatizações
«Não quero aqui retaliar a Tabata. Mas, daqui a pouco, essa gente vai propor, por exemplo, a entrega da Petrobras. Qual é a posição dela? Daqui a pouco, essa gente vai propor a autonomia do Banco Central, para entregar de vez a economia brasileira aos quatro bancos privados que monopolizam 85% das transações financeiras. Como ela vai votar? Pela linha do partido ou pela dupla militância que ela está demonstrando?», disse Ciro. «Nós não queremos representar os neoliberais. Tem aí o MBL. Por que ela não vai para o MBL?», atacou ele, em referência ao Movimento Brasil Livre, que liderou manifestações em defesa de projetos do governo.
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Questionado se o PDT deve requerer os mandatos desses deputados «infiéis» caso eles optem por deixar a legenda, Ciro disse preferir não entrar «nessa miudice». No caso contrário, de expulsão, a legislação prevê que o partido perde a cadeira no Congresso.
Ciro descreveu Tabata como uma pessoa de «enorme valor» e dona de uma «história linda». Mas disse ver na postura da deputada uma influência de sua proximidade com movimentos de renovação política, como o RenovaBR. «Ela só tem 25 anos. E ela entrou no Brasil nesse negócio que é dupla militância. Ela pertence a alguns movimentos que são financiados pelos miliardários brasileiros e que colocaram a faca no pescoço de todo mundo», afirmou.
Para o ex-ministro, esses grupos corresponderiam a «fraudes», pois operariam como partidos políticos sem precisar abrir mão do financiamento privado. «Vai ser um sofrimento eterno a dupla militância dela e de quem mais vier com esse papo furado», afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo