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‘Estou Me Guardando para Quando o Carnaval Chegar’: Documentário expõe crueza do capitalismo

Um dos principais nomes do cinema pernambucano, o diretor Marcelo Gomes volta ao documentário em “Estou Me Guardando para Quando o Carnaval Chegar”, que estreia hoje nos cinemas. Este é o sexto longa do cineasta, na sequência do elogiado “Joaquim” (2017), baseado na trajetória do herói Tiradentes.

Neste novo filme, com título inspirado na canção de Chico Buarque, o diretor  revisita um lugar que marcou sua infância: a pequena Toritama, no agreste pernambucano, localizada a 170 quilômetros da capital Recife. 

O filme nasceu da surpresa que Gomes teve ao reencontrar o vilarejo rural que visitava com o pai quando era criança. “Hoje Toritama tem um ritmo frenético de trabalho, com um Carnaval no meio”, observa.

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Em pouco mais de três décadas, a cidade de 35 mil habitantes se transformou em um polo nacional de confecção de jeans, com praticamente todas as pessoas envolvidas na produção, desde adolescentes até idosos.

O que mais chama a atenção do espectador – e do próprio diretor, que conduz a narrativa – é que a vida da comunidade não parece ter prosperado.  A maioria das pessoas é semianalfabeta, as ruas não têm calçamento e o sistema de saúde é precário.

Muitos dos depoimentos são colhidos em espaços insalubres, onde a produção funciona nos três turnos e os trabalhadores se orgulham de não ter patrões, recebendo pela quantidade de peças que entregam. “Quanto mais a gente trabalha, mais a gente ganha”, diz uma jovem, em frente à máquina de costura.

A única folga a que esses trabalhadores se permitem é no Carnaval, quando muitos até vendem alguns bens para passar o feriado no litoral.  Segundo Gomes, a situação parece surreal, mas é um reflexo da condição de trabalho hoje no Brasil. “As pessoas não querem mais relações de trabalho formais, só que esta liberdade pode levar a um outro tipo de escravidão”, avalia.

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