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Entenda as investigações sobre candidaturas-laranja do PSL

As supostas ‘candidaturas laranjas’ que ocorreram nas eleições de 2018 no PSL de Minas entraram na mira da Polícia Federal na segunda-feira (29), quando agentes da corporação estiveram na sede do diretório do partido em Belo Horizonte e em gráficas que teriam prestado serviços ao partido. O objetivo foi recolher documentos e outros indícios que comprovem se os candidatos mentiram ou não na prestação de contas de campanha.

Chamada de operação ‘Sufrágio Ostentação’, a ação é um desdobramento do inquérito instaurado pela Justiça de Minas Gerais, em fevereiro deste ano, para apurar a suspeita de que o partido do presidente Jair Bolsonaro tenha destinado dinheiro público recebido do Fundo Especial de Financiamento de Campanha – o fundo eleitoral – para candidatas que entraram no pleito apenas para cumprir a cota de 30% estipulada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e desviando o dinheiro para candidaturas masculinas ou para terceiros.

‘Indícios concretos’

Para a Polícia Federal, já é possível afirmar que ocorreram fraudes praticadas pelo PSL. “Isso é um indício concreto que a gente acha que está amplamente comprovado. Aquelas prestações de contas não refletem a verdade do que efetivamente ocorreu em termos de gastos de recursos”, disse o delegado da PF, Marinho Rezende.

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Todo o material apreendido, incluindo documentos e mídias digitais, será periciado. “Os indícios são fortes que ou a gráfica não produziu nada ou produziu para outros candidatos”, explicou o delegado federal.

As investigações começaram após o hoje ministro do Turismo de Jair Bolsonaro (PSL), Marcelo Álvaro Antônio, ter sido citado como o comandante um suposto esquema de candidatas laranjas em Minas durante as eleições, quando comandava o partido no estado. Apesar da denúncia, ele não foi alvo da operação nesta fase.

Ao todo, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão na sede do partido, na região Savassi, e em gráficas de Belo Horizonte, Contagem, Coronel Fabriciano, Ipatinga e Lagoa Santa. Em uma dessas gráficas, em Ipatinga, foram emitidas notas fiscais para o PSL em 2018, mas a empresa não funciona há dois anos.

Preço acima da média

Durante as investigações, a Polícia Federal constatou que as candidatas do PSL mineiro declararam gasto de até R$ 380 por voto, enquanto a média é de R$ 10. O fato chamou a atenção da polícia, que passou a suspeitar de que teria acontecido fraude no repasse pelo partido de recursos para a cota feminina, e que as candidatas foram obrigadas a devolver o recurso.

“O valor despendido era cerca de R$ 70 mil a R$ 80 mil para as candidatas, tendo as mesmas que devolver aproximadamente 80% dessa quantia. E 20% ficaria com elas para custeio das próprias candidaturas”, alegou Marinho.

Quarenta pessoas já foram ouvidas até o momento. Outras dezenas de candidatas que participaram das eleições pelo PSL no país ainda serão investigadas.

Ministro se diz vítima de adversários

Mesmo que não tenha sido alvo direto da operação de segunda, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG), emitiu uma nota em que se diz atingido por uma disputa política local.

“O que vem me atingindo há cerca de 3 meses é resultado de uma disputa política local, cujos interesses são prejudicados com minha presença no Ministério do Turismo”, declarou o ministro, suspeito de coordenar o esquema de ‘candidaturas laranjas’.

O ministro diz ter entregado ao Ministério Público de Minas Gerais “as provas das verdadeiras motivações das supostas denúncias”, e disse estar disposto a colaborar com as investigações. O PSL de Minas Gerais disse que trata com naturalidade a operação, que confia no “trabalho técnico e isento da PF, acreditando que não há participação de dirigentes do partido em qualquer esquema envolvendo candidatas laranjas”.

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