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Reduzir buracos em São Paulo vai além de obras de recapeamento, dizem especialistas

Buraco que se abriu em fevereiro na região de Guaianases Reprodução/Rádio Bandeirantes

Diminuir a quantidade de buracos na cidade de São Paulo vai além de obras pontuais de recapeamento. Especialistas em pavimentação argumentam que é essencial estipular prazos de durabilidade do material e do serviço.

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O novo plano de metas tem como grande objetivo fechar 540 mil buracos até 2020, mas o documento já considera 480 mil buracos fechados nos últimos dois anos. Na prática, se atingida a meta, a gestão Bruno Covas terá fechado, na verdade, 60 mil buracos. E essa história tem um porém: não fica claro se o que já foi tapado voltou a abrir.

O professor de Engenharia do Instituto Federal de São Paulo, João Virgílio Merighi, defende que a Prefeitura estipule prazos de duração do serviço. «O que nós queremos da Prefeitura é que ela fale ‘olha, eu tapei 30 buracos hoje e eles vão durar cinco anos.'»

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Diminuir a ocorrência de buracos também passa pela qualidade do asfalto. Hoje, segundo o professor João Virgílio Merighi, o pavimento na região sudeste registra temperatura acima de 75 graus, e a maioria do asfalto usado nas operações não suporta mais do que 50 graus.

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O novo plano de metas cita ainda o recapeamento de 360 quilômetros de vias públicas, ou seja, 2,3% do total de ruas e avenidas da cidade. Os especialistas avaliam que é uma meta razoável para um ano e meio de operações, mas a professora do Departamento de Engenharia de Transportes da USP Rosangela Motta faz um adendo: nada disso terá efeito se não contemplar também as obras de concessionárias de água e luz.

No início do ano, a Prefeitura fechou uma usina de asfalto por questões ambientais e firmou contrato com outras três empresas. O secretário das subprefeituras, Alexandre Modonezi, diz que isso vai possibilitar fechar mais buracos em menos tempo. Ele afirmou ainda que a quantidade de buracos na cidade está relacionada ao efeito do tempo, e não da qualidade do material, apesar de a Prefeitura ter anunciado a criação do programa «Asfalto Novo».

Alexandre Modonezi diz ainda que as equipes estão fechando cerca de 1100 buracos por dia desde 8 de abril e garante que, até o fim de maio, os 38 mil denunciados pelo 156 terão sido tapados como prometido.

OUTRO LADO

A Prefeitura de São Paulo contestou os dados da reportagem e disse que as informações estão erradas. Segue nota da Prefeitura:

Em relação à reportagem vinculada ontem (29), sobre o novo plano de meta para reduzir buracos na cidade de São Paulo, segue esclarecimento:

 A Secretaria Municipal das Subprefeituras informa que ao longo de 2 anos foram fechados cerca de 480 mil buracos.  Até o final da gestão, deverão ser fechados até 540 mil novos buracos e não apenas 60 mil, conforme mencionado na reportagem. Essa estimativa é resultado de um levantamento criterioso da série histórica de buracos que surgem todos os dias na cidade.   Cabe esclarecer que a malha viária da cidade, a vida útil do asfalto, e o fluxo de carros nos principais eixos e nos entornos, fazem com que diariamente surjam novos buracos na cidade. No entanto, a Prefeitura de São Paulo requalificou os serviços com equipamentos mais modernos como o caminhão térmico capaz de manter a temperatura adequada da massa asfáltica, o que permite uma melhor qualidade do serviço. Os procedimentos também se tornaram mais eficientes. Exemplo disso é a execução do requadramento do buraco, que corrige não apenas a erosão como toda a parte comprometida do asfalto, o que garante também maior durabilidade do serviço. O padrão da massa asfáltica produzida atende às normas técnicas que dizem respeito à qualidade e durabilidade do material. Uma dessas empresas, inclusive, é a mesma que produz o asfalto do aeroporto de Guarulhos. .

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