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Alunos da UFABC fazem vaquinha para participar de torneio internacional de física

Depois de conquista inédita para o país no ano passado, estudantes da UFABC (Universidade Federal do ABC) voltam a representar o Brasil em abril no IPT (International Physicists’ Tournament – Torneio Internacional de Física, em português). A competição será realizada em Lausanne, na Suíça. Mas para isso, os jovens cientistas realizam campanha de financiamento coletivo pela internet para custear a jornada no exterior.

Essa é terceira vez que o time participa da competição. A equipe da UFABC foi a primeira do Brasil a entrar no IPT, em 2017, quando conseguiu o 11º lugar. No ano passado, levou o terceiro lugar – apenas atrás da França e da Suécia –, sendo a primeira equipe não europeia a figurar o pódio.

Em todas as edições, eles precisaram fazer campanha de financiamento coletivo, conta Matheus Azevedo Silva Pessôa, 21 anos, estudante de graduação em física e membro da equipe em todas as edições. Neste ano, os estudantes conquistaram ajuda da UFABC para metade dos custos. Além disso, a universidade criou a possibilidade de parceria com empresas para prospectar possíveis investimentos. Até agora, nenhuma se interessou, mas o canal continua aberto.

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O IPT é um torneio que acontece há dez anos, reunindo estudantes de graduação e mestrado em física de países do mundo inteiro. Durante o decorrer de oito meses, as equipes buscam soluções, com modelo teórico e aproximações experimentais, para 17 problemas envolvendo física. Na fase final, apresentam a solução presencialmente nos chamados “fights”, que contam ainda com um time opositor e outro avaliador.

“É exatamente o trabalho que um cientista faz, então até por isso é importante, porque as pessoas que participam do campeonato entram diretamente em contato com pesquisa desde cedo”, diz Pessôa.

Um dos desafios da edição de 2017, por exemplo, foi a construção de uma aurora boreal em laboratório, na menor escala possível. Outro problema, de 2018, foi a criação de um detector de partículas de baixo custo. Naquela edição, as equipes também foram desafiadas a imaginar um buraco negro supersônico. “É claro que esse problema a gente não fez experimentalmente, concebeu ele teoricamente e explicou alguns experimentos que poderiam ser feitos para isso”, explica o estudante.

É possível contribuir pelo site Vakinha até o dia 5 de maio.

Participação no torneio rendeu frutos

Desde a primeira participação da UFABC (Universidade Federal do ABC) no IPT (International Physicists’ Tournament), em 2017, os estudantes já puderam trazer um pouco da sua experiência para o Brasil. Além da criação de uma disciplina na universidade, os alunos começaram projeto de extensão por conta do IPT.

“Quando a gente é pequeno, todo mundo é um cientista. A gente nasce curioso e vai perdendo essa curiosidade com o passar do tempo. Foi essa maneira que a gente encontrou para estimular novas pessoas”, conta Matheus Azevedo Silva Pessôa, estudante de graduação em física e membro da equipe, sobre o projeto de extensão. Nele, estudantes que já disputaram o IPT contam um pouco da vivência a alunos do ensino médio de escolas públicas.

“É uma maneira de retribuir e inspirar os novos alunos a estudarem física, da mesma maneira que a gente foi estimulado a fazer isso”, diz.

O estudante de 21 anos conta que fundou a primeira equipe brasileira do IPT e agora participa de sua terceira edição. “[A competição] Serve muito para ajudar a fazer um experimento, ser persistente. Que nem agora, quando procuramos financiamento. Esta também é uma parte que até os cientistas enfrentam”, diz. “Me trouxe experiências incríveis, de conhecer novos lugares, pessoas, mas principalmente porque ajudou a formar o cientista que eu estou estudando para me tornar.”

A participação da equipe da UFABC no IPT também rendeu frutos na graduação. Foi criada uma disciplina voltada somente à resolução de problemas do torneio internacional. Inclusive, parte dos integrantes da equipe deste ano veio desta matéria.

“Tem mais a ver com a parte fenomenológica da física, que é você observar e buscar uma explicação. É algo que eu descobri que gosto muito. Inclusive, estou levando até para a minha carreira como cientista”, explica Pessôa, que está no último quadrimestre de física.

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