Gustavo Bebianno continua como ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República. A exoneração dele não foi publicada na edição regular do DOU (Diário Oficial da União) desta segunda-feira. O documento ainda oficializa atos assinados por ele na sexta-feira (15), como uma portaria sobre atribuições de assessores especiais da pasta.
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Suspeito de estar envolvido em esquema de candidaturas laranjas nas eleições do ano passado, enquanto ainda era líder do PSL, Bebianno perdeu o posto de “homem de confiança” do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
O estopim
Na tentativa de mostrar que não havia desgaste no governo por conta das denúncias, o ministro informou ao jornal “O Globo” que teria conversado com o presidente três vezes na terça-feira da semana, quando Bolsonaro ainda estava internado em São Paulo.
No dia seguinte, o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PSL) chamou Bebianno de mentiroso, negando que as conversas com o seu pai tivessem ocorrido. O discurso foi depois endossado pelo próprio presidente.
Fruta amarga
Magoado com o tratamento dispensado por Bolsonaro, Bebianno disse estar “profundamente arrependido” de ter avalizado o nome do atual presidente na disputa eleitoral de 2018.
“Preciso pedir desculpas ao Brasil por ter viabilizado a candidatura de Bolsonaro. Nunca imaginei que ele seria um presidente tão fraco”, teria dito o ministro a um aliado, segundo informações do colunista do portal “G1”, Gerson Camarotti.
Na saída de um hotel em Brasília, o ministro afirmou no domingo (17) que ainda não era hora de falar sobre o assunto, mas de se acalmar.
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“Homem-bomba”
De olho no desgaste que a crise trouxe, auxiliares de Bolsonaro estão preocupados com os problemas que Gustavo Bebianno pode trazer à imagem do governo.
Braço direito do presidente durante toda sua campanha, o ministro representa, na visão de articuladores do governo, uma verdadeira “caixa preta” que, conduzida por um amigo ferido, pode ser aberta a qualquer instante.
Na madrugada de sábado, ante a sua iminente saída do governo, Bebianno publicou um texto sobre “lealdade”. “Quando perdemos por ser leal, mantemos viva a honra. Saímos de qualquer lugar com a cabeça erguida ao carregar no coração a lealdade”, dizia um trecho da
publicação.