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Moradores de Santo André ainda sentem falta d’água

O Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) diz que “não há desabastecimento de água” na cidade no momento e que o problema já foi solucionado semana passada. No entanto, moradores ainda reclamam de que as torneiras ficam secas em boa parte do dia.

“Todo o bairro está sem água. Fica o dia todo sem e só começa a chegar à noite. Tenho caixa d’água grande e acabo me virando. Só que se eu não economizar bem durante o dia, fico sem. Político sempre fala que resolve os problemas, mas a gente sabe que nem sempre é assim”, reclamou a dona de casa Amélia Dias, 66 anos, moradora da Vila Suíça, um dos pontos mais altos do município.

A mesma situação relata a também dona de casa Neusa Hocihara, 49 anos, que reside no mesmo bairro de Amélia. “Tem horário que chega, mas depois das 15h eles cortam. É assim todos os dias”, relatou.

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Em ponto a 12 quilômetros de distância da Vila Suíça, na Vila Palmares as queixas de torneiras secas também continuam. “Está assim todos os dias. Fica o dia todo sem e começa a chegar no começo da noite. O Semasa fala que resolveu, mas aqui nada foi normalizado. Onde moro, na Vila América, a situação está igual”, disse a comerciante Giselda de Macedo Silva, 35 anos. “A vizinhança toda está reclamando. As pessoas têm que encher galões para guardar e poder lavar louça”, relata.

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No perfil do Semasa no Facebook, há diversas queixas sobre falta de água também em outros pontos, como Vila Linda, Parque Novo Oratório e Jardim Cristiane. A reportagem também recebeu relatos de torneiras secas no Parque Miami e Vila Vitória.

Na semana passada, o Semasa culpou a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) por, supostamente, ter diminuído a quantidade de água enviada para a cidade. A estatal negou e disse que o fornecido era o suficiente.
A promessa era restabelecer normalidade em 48 horas. 

Agora, o órgão municipal diz que o fornecimento de água pela Sabesp foi normalizado semana passada, mas o alto consumo no calor faz com que a pressão seja menor para as áreas mais vulneráveis da cidade, em particular as mais altas e distantes dos reservatórios.

“O Semasa tem feito manobras para garantir água em todas as regiões da cidade, mas há a necessidade de colaboração dos consumidores, economizando e evitando o desperdício, para que a água possa chegar a todos”, diz nota do órgão andreense.

Possível solução para crise municipal não saiu do papel

Novamente passando por problemas no abastecimento, Santo André tinha projeto para aumentar a produção própria de água e diminuir a dependência da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), mas desistiu de construir uma ETA (Estação de Tratamento de Água) na beira da represa Billings.

Em outubro do ano passado, o prefeito Paulinho Serra (PSDB) revogou o decreto que tornava de utilidade pública a área onde ficava o extinto Clube de Campo do ABC, que pertence hoje ao Esporte Clube Santo André e fica no Recreio da Borda do Campo. O projeto do governo passado, de Carlos Grana (PT), era utilizar o local para construir uma ETA, que, depois de pronta, aumentaria o volume de água tratada pelo próprio município de 5% para 25%, diminuindo, assim, a dependência da Sabesp, que vende água no atacado para o Semasa distribuir.

Um ano antes, em outubro de 2017, o Metro Jornal mostrou que a prefeitura havia comunicado a Secretaria do Tesouro Nacional, vinculada ao Ministério da Fazenda, que “não tem interesse” em dar continuidade à operação de crédito junto à Caixa Econômica Federal para obtenção de R$ 84 milhões que seriam utilizados para a construção da ETA.
Paulinho diz que o projeto ainda não está totalmente descartado. “Não abandonamos a ideia. Há a complexidade da relação Semasa e Sabesp (uma dívida bilionária), muita coisa envolvida nesse processo. Mesmo que a gente opte por aumentar nossa capacidade própria de produção de água, o modelo que tinha sido desenhado não se justifica mais”, explicou.

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