Patinete deve andar na rua ou na calçada? E bike, pode furar o sinal vermelho e rodar na contramão? Essas são apenas algumas dúvidas que surgiram com aumento da oferta de veículos compartilhados via app na capital.
Além das regras nacionais de trânsito, para as bikes e para os carros, já existem normas mínimas criadas pela Prefeitura de São Paulo, que buscam organizar a distribuição dos veículos e obrigam as empresas a se cadastrarem e recolher impostos, por exemplo. Mas, para patinetes e scooters, nem isso.
A cada dia mais populares, os patinetes já podem ser vistos dividindo espaço com pedestres e ciclistas. Os veículos estão tanto nas largas calçadas da avenida Paulista (centro) como nas estreitas do Itaim (zona oeste) e já provocam pequenos congestionamentos na ciclovia da avenida Brigadeiro Faria Lima (zona oeste).
Autor de projetos de lei para regular os apps de transporte na capital, o vereador Police Neto (PSD) encaminhou em setembro do ano passado para a prefeitura uma primeira proposta de resolução para a chamada micromobilidade, categoria onde estão os patinetes. No último dia 7, ele protocolou na Câmara um novo projeto sobre o tema.
Segundo Neto, “é preciso criar regras de velocidade máxima nas ciclovias e ciclofaixas, controlar a qualidade dos equipamentos, a limitação do uso de calçadas e a relação com os carros nas ruas”.
“Quando a prefeitura cria regras, ela modula o serviço para aquilo que é importante para a cidade. Quando não o faz, gera a concentração desordenada, como já acontece na Faria Lima”, afirmou.
Sócio da Scoo, app de patinete, Maurício Duarte defende a regulamentação e discute o assunto com a prefeitura. Entre suas sugestões está a de que os patinetes só sejam retirados e entregues em estações fixas. “Temos de pensar a mobilidade para todos: para quem utiliza nosso modal e para os que não.”
SP cria grupo de trabalho e procura exemplos
A Secretaria de Mobilidade e Transportes da Prefeitura de São Paulo prevê nos próximos dias lançar um “chamamento público para manifestação de empresas interessadas no processo de regulamentação” dos apps que oferecem patinetes compartilhados. O governo criou um grupo de trabalho para iniciar os estudos e também observar as soluções que foram criadas em outras partes do mundo. A primeira reunião foi realizada no último dia 16. Segundo a pasta, a regulamentação deve garantir “a segurança de todos os usuários do espaço público, especialmente os pedestres”. A secretaria afirmou que “cada modal de transporte deve ser utilizado no trecho adequado do viário, de acordo com suas funções e características”.
Pedestres reclamam de abuso de velocidade
A reportagem do Metro Jornal foi até a avenida Brigadeiro Faria Lima na tarde da última quarta-feira e ouviu dos pedestres elogios ao serviço de compartilhamentos de bikes e patinetes, mas críticas aos “pilotos”. A queixa mais comum é que eles andam rápido demais e desrespeitam regras de trânsito.
“Na ciclofaixa é bom. Mas se vier pela calçada há muito risco de bater em pedestre. Já vi vários tombos de patinete”, disse o auxiliar de taxista Ícaro de Carvalho, 18 anos.
A reportagem não viu nenhum usuário dos patinetes elétricos usando capacete, item obrigatório, e presenciou alguns deles andando muito próximos aos pedestres na calçada.
Os usuários dos veículos compartilhados disseram que os apps informam de forma clara as regras do serviço e que não há rivalidade por espaço entre bikes e patinetes, mas que a aproximação é mesmo perigosa aos pedestres. “Podia aumentar as ciclofaixas, acho que é o que precisamos”, afirmou arquiteto Edilson Fugi Sawa, 44 anos, que já alugou tanto bikes quanto patinetes.