A eleição politicamente mais radicalizada do país desde a redemocratização foi vencida no domingo (28) em segundo turno pelo candidato Jair Bolsonaro (PSL), que obteve 55,13% dos votos válidos e foi eleito o 38º Presidente da República do Brasil (2019 a 2022).
Fernando Haddad (PT), que representava o legado dos governos de seu partido – vitorioso nas últimas quatro eleições e que chefiou o país de 2003 a 2016 – obteve 44,87% dos votos válidos.
Com 57,7 milhões de votos, Bolsonaro venceu em todos os estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e em parte do Norte, nos mesmos locais em que levou a melhor no primeiro turno. Com 47 milhões de votos, Haddad venceu em todos os estados Nordeste, reduto tradicional do PT e onde já havia saído vitorioso no primeiro turno.
Trajetória e campanha
Capitão reformado do Exército, Bolsonaro é o primeiro militar que chega ao poder máximo da República por meio do voto desde Eurico Gaspar Dutra, em 1945.
Apesar de ser deputado federal há sete mandatos consecutivos, Bolsonaro se projetou politicamente por conta de seu posicionamento extremista, muitas vezes reforçado por declarações polêmicas contra adversários, mulheres, e minorias como os gays.
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O candidato pavimentou sua vitória em discurso baseado no nacionalismo, no antipetismo, em defesa de valores que diz serem os da família brasileira e com promessas de atacar a corrupção e de usar a força para responder aos problemas de segurança pública. O gesto que o identifica é o de fazer um revólver com os dedos, que vira uma metralhadora quando repetido com a outra mão.
O deputado federal do PSL liderou a corrida eleitoral desde o início e rejeitou a política tradicional – saiu por um partido nanico e sem um arco de aliança.
No primeiro turno, sua campanha foi marcada pela facada que recebeu no abdômen durante caminhada em Minas Gerais, em 6 de setembro. Depois de passar por cirurgias e permanecer 23 dias internado, Bolsonaro recebeu alta pouco antes da votação.
Após a passagem para o segundo turno, e a manutenção da liderança nas pesquisas, o candidato se concentrou ainda mais nas redes sociais e no WhatsApp (sob denúncias de abusos e “fake news”), evitou eventos públicos e abriu mão dos debates na TV.
* colaboraram Bruna Martins e Gregory Prudenciano