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Abastecimento retorna e deve se normalizar em até dois dias

Após nove dias de bloqueios nas rodovias, o combustível finalmente voltou a ser distribuído nesta terça-feira aos postos do ABC e Grande São Paulo. Filas quilométricas de veículos se formaram nos estabelecimentos, que tiveram apoio da polícia e de agentes de trânsito para funcionar. O volume vendido aos motoristas foi limitado para que mais pessoas pudessem ser atendidas.

A situação, porém, deve demorar ao menos mais dois dias para se normalizar, prevê o Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo).

O presidente da entidade, Wagner de Souza, afirma que as distribuidoras estão liberando o combustível gradativamente na região. “Ao menos 100 postos receberam hoje (terça) aproximadamente 15 mil litros cada. Amanhã (hoje), outros estabelecimentos diferentes terão o mesmo volume.” As sete cidades do ABC possuem 400 postos.

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Os caminhões que chegam com o material não estão mais necessitando do acompanhamento de escolta policial, como ocorreu na segunda-feira.

Souza explica que a logística para distribuição impede que a situação se normalize rápido. “Se os bloqueios dos caminhoneiros não forem montados novamente, a gente acredita que até quinta-feira (amanhã), no máximo, a situação volte ao normal. O problema é que o etanol, por exemplo, precisa chegar nas distribuidoras pelos caminhões e então ser levado aos postos. Já a gasolina chega aos distribuidores por dutos, mas também precisa de mistura do etanol para venda”, afirma.

O presidente do Regran diz que a gasolina chegou ontem com 21% de etanol, quando o comum é 27%. A redução da mistura foi aprovada pela ANP (Agência Nacional do Petróleo) na quinta-feira para facilitar a distribuição.“Por conta da diminuição, o litro da gasolina chegou R$ 0,06 mais caro.”

Souza diz que não repassou o aumento para o consumidor em seu posto, mas que cada estabelecimento adota seus preços.

Denúncias

A ANP alerta que, apesar do livre mercado de combustível nos postos brasileiros, abusos não podem ser admitidos.

Segundo o superintendente de fiscalização do abastecimento, Francisco Neves, as referências dos órgãos de fiscalização são os preços cobrados antes da crise de abastecimento.

Ou seja, um litro de etanol por mais de R$ 5 ou um litro de gasolina acima de R$ 8 são inaceitáveis.

Para o cliente, fica a orientação: se decidir pagar e quiser denunciar depois, tem de pedir a nota fiscal. Na sequência, é possível procurar a própria ANP (0800 970 0267) ou o Procon (0800 377 6266).

Gasolina acaba em quatro horas nos postos do ABC

Logo no início do dia, os grupos de WhatsApp pipocaram com mensagens sobre a volta da gasolina nos postos de combustível da região. Com a notícia se espalhando virtualmente e boca a boca, a espera para abastecer chegou a cinco horas em alguns locais e a gasolina e o etanol acabavam, em média, depois de quatro horas nos estabelecimentos visitados pela reportagem.

Foi o que aconteceu no posto Ipiranga na altura do número 700 da avenida Goiás, em São Caetano. “O caminhão da distribuidora chegou aqui por volta das 11h e todo o combustível acabou às  15h”, lamenta um dos funcionários. Ele afirma que o local recebeu cerca de 25 mil litros de gasolina e etanol e que não havia previsão de outro carregamento.

Quem estava na fila teve que ir para outro posto, 200 metros à frente. No entanto, o combustível também já estava no fim. Para atender à população, que ocupava uma faixa da avenida Goiás por dois quarteirões, cada cliente só podia abastecer 25 litros.

O despachante aduaneiro Robson Santos, 45 anos, estava desde a semana passada procurando por gasolina. “O carro está parado em casa. Tive que recorrer à moto. Vou procurar combustível para o carro só semana que vem, quando essa loucura terminar”, disse.

Depois de cinco horas de espera, o cabeleireiro Claudinei Coutinho, 41 anos, era o próximo da fila em um posto Shell na avenida Dr. Rudge Ramos, em São Bernardo. “Fiquei sabendo que tinha gasolina aqui porque avisaram minha esposa pelos grupos de WhatsApp. Vim correndo para abastecer antes que termine, já que os petroleiros também vão entrar em greve”, explicou.

A mesma dificuldade foi encontrada no posto Ipiranga da avenida Santos Dumont, em Santo André. O combustível chegou no local por volta das 13h. No entanto, a previsão dos funcionários era que até a noite já não teria mais gasolina nas bombas. 

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