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Desabrigados não aceitaram ir para abrigo da prefeitura de SP; entenda

A escadaria da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, no largo do Paissandu (centro), virou espaço de desabafos, lágrimas e gritos de guerra entoados pelos moradores que agora estão desalojados com o incêndio seguido de desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida.

Daiana da Silva Rodrigues, de 27 anos, tomava conta das doações recebidas por ela e pela família de 10 pessoas – sete crianças – e lamentava as perdas na tragédia, inclusive seus documentos. “Tinha uma entrevista de emprego amanhã [hoje], para fazer faxina, mas agora, sem documento, como vou fazer?”

“Minha companheira está desaparecida, eu não sei se ela estava no prédio ou se ela tinha ido trabalhar”, contou, entre lágrimas, o vendedor ambulante Celso José dos Santos, 54. Tanto Santos quanto Daiana pagavam R$ 200 por mês ao movimento LSM (Luta Social por Moradia), que coordenava a ocupação. O valor, chamado de “contribuição”, pode chegar a R$ 400.

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Também vendedor ambulante, Guilherme de Carvalho Gulim, 22, morava na ocupação havia cinco meses. Ele vivia no 5º andar, onde começou o fogo, mas estava fora quando o incêndio teve início e perdeu tudo o que tinha: “Estou só com a roupa do corpo”. Assim como Daiana, Santos e todos os outros moradores ouvidos pela reportagem, Gulim se recusava a passar a noite em um dos albergues ou CTAs (Centros Temporários de Acolhimento) oferecidos pela prefeitura. “As exigências deles com horários não cabem, trabalho em horários alternativos”, disse. “Albergue é muito ruim e para lá a gente não vai”, endossou Daiana.

Doações

A Cruz Vermelha está recebendo doações para ajudar os desabrigados da tragédia. Elas podem ser feitas na sede da entidade, avenida Moreira Guimarães, 699, em Indianópolis (zona sul).

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