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Secretário de São Bernardo vendia cargos, aponta MP

Investigação do Ministério Público aponta que um esquema de corrupção, envolvendo venda de cargos comissionados e funcionários fantasmas, funcionou dentro da secretaria de Gestão Ambiental de São Bernardo por aproximadamente 10 meses.

As ações ilegais ocorreram, segundo a Promotoria, entre janeiro e outubro, período em que a pasta municipal foi comandada pelo advogado e vereador licenciado Mario Henrique de Abreu (PSDB). Ele, que foi afastado do cargo em 31 de outubro após operação  realizada pela Polícia Civil e Ministério Público na prefeitura, é indicado pelos promotores como o chefe da estrutura criminosa montada na pasta.

Abreu nega as acusações. A prefeitura alega que, assim que tomou conhecimento das denúncias, demitiu todos os funcionários envolvidos.

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O esquema foi mostrado ontem pelo jornal SP1, da “TV Globo”, que teve acesso a investigação dos promotores. O Metro Jornal solicitou entrevista com os responsáveis pela apuração no Ministério Público, mas eles não falaram com a reportagem. O processo em que Abreu responde por peculato, corrupção ativa e passiva está sob segredo judicial.

Os promotores dizem que iniciaram a apuração do caso após terem acesso a relato de uma mulher em um grupo de mães do WhatsApp. “Peguei um cargo comissionado aqui onde moro. Na verdade, comprei o cargo. Estou trabalhando na secretaria de Meio Ambiente com um vereador que ganhou e foi nomeado secretário. Dei meu carro, que valia R$ 45 mil, e ele me deu o cargo. Estou adorando. Comecei na segunda-feira. Apesar de ser muito trabalho, é gostoso”, dizia a mensagem que foi levada à promotoria.

Depois disso, o Ministério Público disse que confirmou que essa mulher trabalhava, de fato, no setor ambiental da prefeitura. Em depoimento, ela teria relatado que não chegou a entregar o veículo, mas fez um acordo diretamente com Abreu, proposto por ele, para repassar
R$ 800 do salário dela todo mês ao então secretário. O dinheiro era entregue em espécie, dentro de um envelope, diretamente ao chefe da pasta, dentro do gabinete dele, diz a investigação.

A Promotoria também aponta que o ex-secretário cobrou R$ 50 mil para empregar outra mulher na secretaria. Ela relatou ao Ministério Público que recorreu a empréstimos e teve que refinanciar o carro do filho para pagar o valor, que era entregue pessoalmente a Abreu em parcelas de R$ 10 mil, também dentro do gabinete dele.

No processo, a defesa do vereador licenciado alega  que há “inépcia (incapacidade) na denúncia”. A reportagem entrou em contato com os advogados do ex-secretário, mas eles disseram que estão passando o caso para outros defensores e que não podiam se pronunciar sobre o assunto.

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