O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, comprou o terreno para sua futura candidatura presidencial e criticou o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, explicitando as divisões dentro da coalizão que respalda Michel Temer.
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«A minha decisão [sobre a candidatura] será tomada no final de março», declarou Meirelles, em entrevista publicada na última segunda-feira (4) pelo jornal «Folha de S. Paulo». Ao longo da reportagem, o ministro indicou sua intenção de se candidatar e disse que é necessário haver um postulante que defenda o legado de «reformas e a política econômica» do governo peemedebista.
Meirelles é considerado um dos mentores da reforma constitucional que congelou os gastos públicos por 20 anos, aprovada em 2016, e do projeto para alterar as regras da aposentadoria, enviado ao Congresso.
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Ex-presidente do BankBoston, Meirelles conta com o respaldo do mercado, mas ainda não com o da população. Segundo pesquisa do Datafolha divulgada no fim de semana, ele não ultrapassa os 2% de intenções de voto.
A reforma da Previdência é questionada em alguns pontos pelo PSDB, que deve ter Alckmin como presidente a partir do dia 9 de dezembro, data de sua convenção nacional. Na semana passada, circularam rumores de que o governador de São Paulo vai acertar com Temer o desembarque tucano do governo, tema marcado por idas e vindas nas últimas semanas.
Em sua entrevista à «Folha», Meirelles criticou o PSDB por ser reticente em dar um apoio claro à reforma da Previdência. «Não há, pelo menos até o momento, um comprometimento do PSDB em defesa dessa série de políticas e do legado de crescimento com compromisso de continuidade», declarou.
O ministro indicou que só será candidato se houver «percepção da população» sobre o «crescimento econômico». O cenário de indefinição nas eleições de 2018 deve permanecer por alguns meses, já que o candidato líder nas pesquisas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, corre o risco de ser condenado em segunda instância no «caso triplex», o que o impossibilitaria de concorrer.
Nos cenários sem Lula, o primeiro colocado é o deputado Jair Bolsonaro (PSC), que é pré-candidato e já tem seu rosto estampado em camisetas com slogans eleitorais vendidas em cruzamentos na periferia de São Paulo.
A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Rede) também anunciou sua pré-candidatura, assim como o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) e a deputada estadual Manuela D’Ávila (PCdoB).
Quem parece cada vez mais longe da corrida presidencial é o prefeito de São Paulo, João Doria, que esbarrou em Alckmin e é cotado para substituí-lo no Palácio dos Bandeirantes.