De um lado, pragas que atacam árvores e destroem hortas urbanas na cidade. Do outro, a busca por uma alternativa para lidar com o problema sem recorrer ao uso de agrotóxicos. Solução: as joaninhas. Isso mesmo, a prefeitura de BH vai iniciar a criação especial do animal, que é inimigo natural de diversos insetos que prejudicam a flora da cidade, como a mosca-branca, o pulgão e a cochonilha.
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A Secretaria Municipal de Meio Ambiente pretende criar uma biofábrica – unidade construída especialmente para a criação de bichos geneticamente aperfeiçoados – da joaninha da espécie Cycloneda sanguinea L, no Parque dos Mangabeiras, na região Centro-Sul da capital. Em seguida, serão distribuídas larvas e espécimes adultos do inseto para serem utilizados em cultivos de hortas urbanas, vegetações em espaços públicos, residências, escolas, e para pessoas interessadas.
“Em BH, a prática de hortas urbanas é muito comum, e o maior problema enfrentado por elas é o controle das pragas. Como se trata de agricultura orgânica, não se deve usar agrotóxicos lá. Então, vamos produzir esse controle natural”, afirma o engenheiro agrônomo e especialista em insetos Dany Amaral, um dos coordenadores do projeto.
A prefeitura promete também visitas de especialistas para dar orientação e capacitação de identificação e manejo de inimigos naturais. “Vamos fazer um treinamento, esclarecer e mostrar sobre o papel do inseto e o objetivo do trabalho”, completa Amaral.
A ideia de levar a educação ambiental vai além de um treinamento. “Queremos deixar a biofábrica aberta para a visitação de crianças e adultos interessados. Eles vão ter a oportunidade de realizar manipulações, além de conhecer a fase jovem da joaninha”, ilustra o coordenador.
A biofábrica ainda não tem data para lançamento; de acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, estão sendo feitos levantamentos de orçamento e viabilizando o local.
Predadores vorazes
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Quem cruza com uma fofa e simpática joaninha pelo caminho não imagina o poder predatório que o animal possui. Elas, que são usadas no mundo inteiro no controle de pragas, são capazes de salvar plantações e são importantes indicadores ambientais. “Antigamente, as pessoas viam várias joaninhas pela cidade. Hoje, já não veem mais. Como estamos perdendo árvores e a biodiversidade de vegetação está diminuindo, elas também estão. Esse vai ser outro papel importante do projeto”, explica Amaral.
Outra estratégia utilizada pela prefeitura para melhorar a biodiversidade da vegetação e tornar o ambiente mais adequado para as joaninhas será a distribuição de sementes. “Vamos distribuir sementes de plantas que também atraem as joaninhas, como a flor de coentro, por exemplo. Esses insetos gostam de néctar, de flores e de folhas e, se distribuirmos pela cidade, vamos resgatar a biodiversidade e ajudar na manutenção do controle dos inimigos naturais”, ressalta o engenheiro agrônomo.
Além das joaninhas, o governo também vai investir na criação de larvas de crisopídeos – outro inseto de alto poder predatório. O objetivo é priorizar o aumento da diversidade de agentes de controle biológico naturais e, assim, aumentar a eficiência de controle e minimizar a utilização de pesticidas e outros produtos químicos. Em toda a cidade, existem mais de 480 mil árvores espalhadas pelas nove regiões, conforme o último inventário realizado pela prefeitura. METRO BH