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Mortalidade infantil é a maior desde 2003 em São Caetano do Sul

Image Source/Folhapress

Considerada exemplo de qualidade de vida no país, São Caetano teve a maior alta na taxa de mortalidade infantil entre as cidades do ABC. É o pior índice do município desde 2003.

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Os dados foram divulgados ontem pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) e se referem ao ano passado. A taxa de mortes de crianças de até um ano é calculada com base em cada mil nascimentos e utiliza como fonte os Cartórios de Registro Civil.

São Caetano aparece na publicação com índice de 11,9 óbitos, 1,6 a mais que em 2015, quando alcançava 10,3. A mortalidade infantil é um dos indicadores utilizados para o cálculo do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e pode levar a cidade a perder nos próximos anos o topo da tabela.

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A prefeitura classificou como vergonhosa a taxa, alcançada durante a gestão passada (leia mais ao lado).

Entre as sete cidades do ABC, São Caetano só não ultrapassa Diadema, que aparece com índice de 13,3.

A mortalidade cresceu também em São Bernardo. No restante dos municípios, as taxas recuaram (veja as tabelas ao lado). Em todo o ano de 2016, 350 crianças morreram antes de completar um ano de vida no ABC.

De acordo com o estudo da Fundação Seade, duas em cada três mortes infantis no Estado de São Paulo ocorreram no período neonatal (até 28 dias de vida), proporção que se mantém praticamente inalterada nos últimos anos.

A taxa estadual registrou queda entre 2015 e 2016, passando de 10,9 para 10,7 óbitos a cada mil nascidos vivos.

Cuidados para mães e bebês
O professor titular da disciplina de obstetrícia da Faculdade de Medicina do ABC,  Mauro Sancovski, afirma que as cidades precisam se aprofundar nos dados para traçar estratégias. “Essas taxas dizem respeito também à rede privada, por isso é necessário detalhar melhor a informação.”

Para o médico, medidas como incentivo ao pré-natal e à amamentação são ações fundamentais para a redução da mortalidade infantil.

“O ideal é que a mulher procure o médico antes mesmo de engravidar, para receber instruções sobre riscos e como se preparar. Já a amamentação é muito importante para proteger a criança. Mas muitas mães seguem essa instrução apenas quando estão no hospital. Ao saírem, acabam sendo influenciadas por outras pessoas a tirar o bebê do peito”, disse.

Piora é vergonhosa, diz prefeitura
A Prefeitura de São Caetano afirmou que a alta da taxa de mortalidade na cidade em 2016 é exemplo da desorganização dos serviços nos últimos anos. “Deixamos a prefeitura em 2012 com índice de 5,8 mortes por mil nascimentos e encontramos agora mais que o dobro, com 11,9. Saímos de um valor equivalente ao dos Estados Unidos e Canadá para o de um país do norte da África como a Líbia, que está em guerra. Essa piora é vergonhosa”, disse a administração em nota.

A Secretaria de Saúde da cidade informou também que retomou neste ano programas que estavam paralisados, como o Progesta 12, que acompanha as mães já antes da concepção.

Em São Bernardo, onde também houve aumento e se alcançou 10 mortes, a prefeitura disse que o HMU (Hospital Municipal Universitário), local que concentra os partos na rede pública, teve índice de 6,8 em 2016.

Já Santo André, que baixou a taxa para 8,1 óbitos a cada mil nascimentos, vinculou a queda à existência do Comitê de Mortalidade Materna e Infantil, que investiga os casos e implementa ações de prevenção.    

 

 

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