Câmeras de segurança, circuito interno, grades e até mudança no horário de funcionamento. De um ano para cá, a rotina de quem trabalha com mercearias e supermercados em Belo Horizonte mudou radicalmente por conta do aumento nos crimes. Um estudo do Sincovaga BH (Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios de BH), em parceria com a Fecomércio-MG, apontou que 54% dos comerciantes da capital mineira relataram já terem sido vítimas de assaltos, roubos e outras violências. No mesmo período do ano passado, a violência atingiu 44,5% deles.
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Segundo o relatório apresentado nesta quinta-feira, também houve aumento no índice de crimes com armas de fogo. Neste ano, o volume de assaltos à mão armada a comerciantes foi de 54,9% dos crimes registrados, enquanto, no ano passado, esse índice era de 26,8%. “O setor tem sido um dos principais alvos da violência em Belo Horizonte. Além do prejuízo direto, ainda há um desvio de recursos que poderiam ir para outras áreas se protegerem. Pelo levantamento, percebemos que, nos últimos cinco anos, a questão tem impacto também no consumidor, gerando mais perdas aos empresários”, afirma a analista de pesquisa da Fecomércio-MG, Elisa Castro.
Conforme o presidente do Sincovaga BH, Gilson de Deus Lopes, o estudo confirma a sensação de insegurança vivida no dia a dia das lojas. “Infelizmente, a piora no quadro de violência era previsível, devido ao cenário econômico do país. Isso provoca uma situação traiçoeira, em que o empresário acaba substituindo o papel do Estado e retirando dinheiro de capital de giro ou para investimento no negócio a fim de usá-lo em segurança. Tudo na tentativa de minimizar os problemas. Por isso, essa pesquisa é extremamente útil para discutirmos com os órgãos públicos ações de prevenção, atacando os principais pontos de forma direcionada”, lamenta Gilson.
Com os resultados da pesquisa, as entidades esperam elaborar projetos e pesquisas, junto com outros ramos de atividade, para a cobrança de mais políticas públicas no sentido de solucionar a questão e proporcionar mais segurança.
Prejuízos
Segundo Elisa Castro, da Fecomércio-MG, o empresário acaba sendo atingido de três formas: O prejuízo pelos crimes, o investimento para se proteger e a queda na procura do consumidor. “O empresário precisa se planejar para investir, para lidar com as situações e para não perder clientes”, explica. Segundo a pesquisa, a maioria das empresas gasta, em média, até 5% do faturamento mensal da loja com segurança (67,7%). Entre os itens mais utilizados estão o circuito interno de TV (46,2%), alarmes (26,7%) e vigia armado (9,4%).