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Clínicas particulares de baixo custo ganham espaço na crise econômica

Eneide Monteiro ficou desempregada há dois anos e, como muitos brasileiros, viu-se impossibilitada de arcar sozinha com o custo do plano de saúde – ainda mais de igual padrão ao oferecido pela antiga empresa. «Como tenho 45 anos, um plano individual com a mesma cobertura sairia por R$ 800».

Para cuidar da saúde sem precisar depender da rede pública, ela decidiu aderir à Docctor Med, uma das muitas clínicas populares que têm ganhado espaço em meio à fuga dos planos convencionais. «O que pagaria por mês com o plano é praticamente o que eu gasto por ano», conta.

Com o reajuste de 13,55% nos preços dos planos de saúde este ano – mais de quatro vezes a inflação esperada para 2017 -, seus pais Valdemar Oliveira, 79 anos, e Judite Messias, 82, também optaram pelas clínicas de baixo custo.

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Os números de beneficiários de planos de saúde vêm caindo desde 2015. No último ano, mais de 830 mil brasileiros deixaram a assistência médica particular. Em junho, havia 47,2 milhões de cadastrados, de acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Segundo o Instituto de Saúde Suplementar (IESS), houve retração de 0,6% no mercado de planos de saúde no primeiro semestre de 2017 – o que significa o rompimento de 271,2 mil vínculos neste ano.

No Dr. Consulta, uma das redes de clínicas de baixo custo mais conhecidas, a maioria do público já se concentra nas classes B e C. Renato Veloso, diretor da empresa conta que, assim como Eneide, os clientes optam pela clínica «porque perderam o emprego ou o plano ficou muito caro».

Geilson Silveira, presidente da Docctor Med, conta que, logo no início dos negócios, em 2009, o público majoritário era da classe D, mas, com a atual situação econômica, quase três quartos do público já pertencem à classe C. A empresa promete 70% de desconto no orçamento se comparada aos planos convencionais. Uma consulta sai por R$ 80 e o check-up de análises clínicas completo custa R$ 100. Já um plano de saúde individual com cobertura ambulatorial e hospitalar para pessoas entre 44 e 48 anos custa, em média, R$ 423,41 por mês, segundo a ANS.

Apesar de cobrirem boa parte dos procedimentos corriqueiros e aliviarem o orçamento do consumidor, as clínicas populares podem não ser vantajosas para quem precisa de tratamentos complexos. Como esse tipo de serviço não cobre internação ou atendimento de emergência, Eneide e seus pais reforçam as medidas preventivas. «Meus pais vão de seis em seis meses e eu faço todo o check-up uma vez por ano», diz.

Além da diferença de custos, ela elogia a agilidade das empresas, que fazem agendamentos por WhatsApp em até sete dias e oferecem «atendimento humanizado» – bem diferente, segundo ela, do que se via nos filiados aos planos.

«As clínicas têm piso de porcelanato, oferecem chá, café, tudo para não ter um ar de demérito, além de ficarem na porta do metrô», ressalta David Pinto, sócio da Medic Mais. Na clínica, um check-up completo sai por R$ 380 e pode ser parcelado em até três vezes no cartão. A consulta custa R$ 100 e pode ser parcelada em quatro vezes.

Já a Docway, em vez de apostar em um espaço físico, conta com um serviço muito parecido com o do aplicativo Uber. Basta cadastrar os dados pessoais e de pagamento, fazer um breve relato dos sintomas e chamar um médico, que fará o atendimento na casa do paciente. A consulta custa de R$ 200 a R$ 250.

O presidente da empresa, Fabio Tiepolo, afirma que, mais do que economia, o foco da plataforma é a conveniência – tanto que seu público é majoritariamente formado por mães de classe A e B.

Outra iniciativa nessa área partiu de um grupo de clínicas tradicionais de São Paulo. Elas lançaram em julho um projeto piloto, chamado Integra. Ele reúne, em um mesmo cadastro, clínicas com mais de 40 anos de atuação no mercado e que oferecem consultas a preços mais acessíveis, que variam entre R$ 90 a R$ 120. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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