Quinze policiais rodoviários federais e quatro empresários foram presos ontem por participação em um esquema de cobrança de propinas nas estradas que cortam o Triângulo Mineiro. Investigados há mais de sete meses, eles foram detidos durante a Operação Domiciano, realizada pela Polícia Federal, com apoio da própria PRF (Polícia Rodoviária Federal) e a CGU (Controladoria Geral da União). Além dos 19 mandados de prisão preventiva, foram cumpridos 33 mandados de busca e apreensão nas cidades de Uberlândia, Canápolis, Monte Alegre, Itumbiara, Araguari, Centralina e Delfinópolis.
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De acordo com as investigações, os agentes da PRF agiam de forma independente, e também envolviam empresários da região. “Eram várias as modalidades criminosas empregadas pelos policiais, sem haver entre eles nenhum tipo de acerto. Não se trata de uma organização criminosa, mas sim de atos isolados praticados por cada um dos policiais”, explica o delegado-chefe da Polícia Federal de Uberlândia, Carlos Henrique Cotta D’Ângelo. “Os crimes vão desde a abordagem de motoristas comuns, que por alguma irregularidade, ao invés de receber a devida multa, faziam o pagamento em dinheiro para esses policiais. Havia também a apreensão de ônibus e caminhões para um pátio credenciado, muitas vezes sem necessidade, já que também, nesse caso o pátio repassava parte dos recursos para esses policiais. Enfim, uma série de atos incompatíveis com a dignidade da função de policial”, diz D’Ângelo.
As investigações começaram há sete meses depois que a Corregedoria da PRF em Brasília recebeu diversas denúncias sobre os agentes. Em seguida, foi instaurado inquérito pela Delegacia Federal de Uberlândia. Todos os envolvidos foram encaminhados à PF em Uberlândia e serão indiciados por vários crimes, entre eles, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, com penas que podem chegar a 15 anos. Segundo a PRF, um processo administrativo será instaurado para apurar as denúncias que, se comprovadas, poderão resultar na expulsão dos agentes.