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Pipas deixam 240 mil sem energia em Minas Gerais

Alf Ribeiro/Folhapress

O inverno já chegou. Época de ventos mais intensos nas montanhas e cidades mineiras. De todas as cores, as pipas começam a colorir o céu e fazer a diversão das crianças. Porém, a brincadeira já tem provocado prejuízos em Minas Gerais. De acordo com a Cemig, só neste ano mais de 240 mil pessoas tiveram o fornecimento de energia elétrica interrompido por conta da prática. Em todo o Estado, foram 663 ocorrências, número que mostra que soltar pipa deve ser acompanhado de perto pelos pais ou responsáveis para não trazer riscos à segurança da população.

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Conforme o engenheiro eletricista da Cemig, Demetrio Venicio Aguiar, alguns procedimentos devem ser adotados para evitar acidentes.  “As pipas devem ser empinadas em locais abertos e afastados da rede. Jamais use fios metálicos ou cerol e, caso a pipa fique presa, não tente resgatá-la”, orientou.

O especialista afirmou ainda que uma novidade pode agravar ainda mais os problemas: um tipo de cabo cortante feito em escala industrial, chamado de ‘linha chilena’ – mais refinado e com materiais mais perigosos que o cerol. “Esse tipo de linha é muito mais cortante do que o cerol comum, e infelizmente é possível adquirir este material de origem estrangeira pelo mercado paralelo e até pela internet”, explicou.

Acidentes graves

Além dos prejuízos para o fornecimento de energia, a soltura de pipas também pode trazer riscos à segurança quando praticada próxima à rede elétrica. Demetrio Aguiar contou que a maioria dos acidentes acontece quando o papagaio fica preso na rede elétrica e as crianças tentam retirá-lo utilizando materiais condutores, como pedaços de madeira ou barras metálicas. E o contato com a rede elétrica pode ser fatal e trazer risco de queda de altura em função da reação involuntária causada pelo choque elétrico. Nesses casos, as consequências mais comuns são traumatismos e queimaduras graves por causa dos choques.

Já sobre o cerol, o especialista disse que o uso pode transformar uma simples linha de papagaio em um material condutor, o que provoca choques ao entrar em contato com os fios. Aliado a isso, há o fato de que muitas crianças amarram as pipas com arames e fios. “São materiais altamente condutores de energia e que acabam sendo energizados quando tocam os cabos de energia, causando o choque elétrico”, finalizou.

O risco é tão grande que na última semana um menino de cinco anos foi atingido no pescoço por uma linha de cerol enquanto andava de bicicleta em Ibirité, na Grande BH. Ele foi levado para o Hospital São José, em Contagem, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na unidade. Um adolescente de 15 anos, suspeito de ter utilizado o material, foi levado para uma delegacia da Polícia Militar e prestou alguns esclarecimentos. Há casos ainda de motociclistas, que sem os equipamentos de segurança necessários, também são atingidos pelo material, ocasionando ferimentos graves e muitas vezes também a morte.

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Região metropolitana

Nos quatro primeiros meses deste ano, a região metropolitana de Belo Horizonte registrou 265 desligamentos provocados por pipas na rede elétrica. Um projeto na capital, que segue em tramitação na Câmara, prevê a criação de locais específicos para que os amantes das pipas possam soltá-las. O texto define ao menos um local em cada uma das nove regionais da cidade, “de preferência parques ecológicos, campos de futebol, praças ou espaços semelhantes”.  

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