Aluno uniformizado circulando em áreas consideradas de risco no Rio é um bom sinal. Quando isso acontece, já se sabe: hoje não teve tiroteio. Segundo a Secretaria Municipal de Educação, dos 88 dias letivos deste ano, em apenas sete a rede funcionou completamente. Nos outros dias, as aulas foram interrompidas por causa dos conflitos ou a escola simplesmente fechou. Só este ano, os confrontos já deixaram quase 120 mil crianças sem aula.
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“Às vezes, a gente leva o filho para a escola, tem tiroteio e traz de volta”, conta a dona de casa Irene Furtado.
Em meio a esse cenário, muitas vezes, alunos e educadores precisam buscar proteção dentro das unidades de ensino. Em um vídeo que viralizou na internet no dia 27 de maio, um professor tocou violão para tranquilizar alunos durante um tiroteio perto do Ciep Roberto Morena, em Paciência, na zona oeste. Na segunda-feira, no Complexo da Maré, na zona norte, durante uma operação policial, uma professora do Espaço de Desenvolvimento Infantil Azoilda Trindade foi baleada de raspão quando tentava proteger crianças de cinco anos no corredor da escola. Mais cedo, um disparo atingiu o ar-condicionado de uma outra unidade e provocou um incêndio.
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Para a educadora Yvone Bezerra de Mello, coordenadora do Projeto Uerê, uma das soluções seria fazer operações policiais com mais estratégia. “Dou aula com os ouvidos em estado de alerta. Eu fecho a janela da minha sala de aula e, a qualquer tiro, coloco as crianças no chão. Isso não é maneira de viver!”, indigna-se.
Em julho, 40 professores da rede municipal irão participar de um treinamento da Cruz Vermelha para aprender a lidar com situações de risco com alunos. Enquanto a violência continua e nenhuma providência efetiva reduz o perigo, a educação de crianças e jovens do Rio continua sendo determinada pelas operações policiais ou pelos confrontos entre quadrilhas.
Ontem, mais uma vez, tiroteios na Vila Cruzeiro e no Complexo da Maré deixaram mais de três mil crianças sem aula.