
Apesar da continuidade do ciclo de afrouxamento monetário pelo Banco Central e da estabilidade da inadimplência, os juros cobrados das famílias em operações de crédito seguem em alta. Em janeiro, a taxa média ficou em 72,7% ao ano, alta de 1 ponto percentual em relação a dezembro.
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Em meados de janeiro, o BC reduziu os juros básicos pela terceira vez consecutiva, a 13% ao ano, voltando a aplicar o mesmo nível de corte na última quarta-feira, o que levou a Selic a 12,25% ao ano. O movimento, contudo, não surtiu efeito no barateamento do crédito.
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Já o spread, a diferença entre o custo de captação e a taxa cobrada pelos bancos ao consumidor final, subiu em janeiro para 61,2 pontos percentuais, contra 59,5 pontos percentuais em dezembro. Isso ocorreu a despeito da inadimplência, um dos fatores que compõe o spread, ter ficado estável, em 5,7%.
Em janeiro, a modalidade de crédito mais cara – a do rotativo do cartão de crédito – bateu novo recorde ao ficar em 486,8% ao ano, com aumento de 2,2 pontos percentuais em relação a dezembro.
Para o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, nos próximos meses, as taxas de juros vão cair acompanhando o ciclo de corte da Selic. Segundo ele, é comum haver aumento de juros em janeiro, mês em que os consumidores voltam a usar o cartão de crédito rotativo e o cheque especial após quitarem dívidas com o 13º. “Isso faz com que a média de janeiro suba”, disse Maciel.
Maciel acrescentou que, na alta em janeiro, os juros também sofrem influência da mudança de perfil do tomador de crédito, com risco maior de inadimplência, o que leva os bancos a subirem os juros.