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Diretor do Instituto Butantan é afastado após relatório indicar irregularidades

O cientista Jorge Kalil foi afastado da direção do Instituto Butantan, principal produtor de vacinas, soros e biofármacos para uso humano do país. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, o nome do novo diretor da instituição será anunciado em breve.

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Jorge Kalil será convidado pela secretaria para trabalhar no desenvolvimento de pesquisas do instituto. No último dia 8, André Franco Montoro Filho renunciou ao cargo de diretor-presidente da Fundação Butantan por discordar do modelo de gestão, “que dava todos os poderes ao presidente do instituto [Butantan] e tirava poderes do presidente da fundação”, disse na época à Agência Brasil.

De acordo com Montoro, uma auditoria contratada pelo governo estadual vinha sendo feita, e o TCE (Tribunal de Contas do Estado) apontava uma série de procedimentos administrativos equivocados.

A assessoria de imprensa do TCE apresentou um relatório preliminar das equipes de fiscalização, que ainda passará por quatro órgãos técnicos, antes de seguir para votação do conselheiro-relator. “No atual momento, o relator solicitou aos gestores e ordenadores de despesas que se manifestem para que o processo possa seguir para apreciação dos órgãos técnicos”, diz a nota.

Em nota, Kalil informou que o instituto e a fundação passaram por extensa auditoria e que o resultado não apontou irregularidades. Kalil diz ter sido surpreendido pelo pedido de renúncia de Montoro e por suas críticas, já que Montoro não teria mencionado tais preocupações ao curador ou qualquer outra instância durante o seu mandato.

Kalil ainda diz que Montoro passou a desviar a missão e os objetivos do instituto a partir da publicação de uma portaria que transferia para a fundação diversas responsabilidades que seriam do instituto. De acordo com o cientista, os conselheiros foram quem solicitaram, de forma unânime, a renúncia de Montoro.

A Agência Brasil não conseguiu contato com Jorge Kalil.

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Apoio

Um grupo de pesquisadores e funcionários promoveu um ato nesta manhã no Instituto Butantan em apoio a Kalil. Segundo os manifestantes, o diretor afastado tem sido eficiente na gestão do instituto. “Ele colocou o Butantan no patamar que está hoje, o que há anos não acontecia, [a gestão dele] permitiu que tivesse o desenvolvimento da vacina da dengue e de tantos outros soros e vacinas que voltaram a produção, então queremos que seja dada a oportunidade para que ele responda aos apontamentos, porque tem como comprovar”, disse a pesquisadora Gisele Picolo, uma das participantes do ato.

O grupo que apoia Kalil acredita que a mudança na gestão pode ameaçar a produção no instituto. “Tivemos um crescimento muito grande no número de vacinas, que é nosso principal produto, a capacidade de fabricação duplicou, simplesmente por ações da gestão do Kalil”, disse o pesquisador Eneas de Carvalho. Uma carta foi endereçada ao governador Geraldo Alckmin na noite de ontem. Nela, a comunidade científica aponta os motivos para o pedido de manutenção do diretor.

O diretor substituto Marcelo de Franco disse, durante o ato, que a auditoria que aponta as irregularidades foi mal feita. “Foi contratada por dispensa de licitação, feita por uma empresa sem relevância. Mas nós já mostramos todos os documentos, o extrato de cartão corporativo, está tudo certo e documentado”, defendeu.

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