Pressionados por decisões judiciais exigindo a liberação das escolas e pela aproximação da data do Enem, marcado para o próximo fim de semana, estudantes secundaristas do país buscam maneiras de manter a mobilização contra medidas como a reforma do ensino médio e a PEC do teto de gastos públicos sem necessariamente ocuparem os prédios.
No Paraná, epicentro desse movimento estudantil, onde havia 850 escolas ocupadas há duas semanas, o número caiu para 265 ontem, segundo a Secretaria Estadual de Educação. Os estudantes dizem que ainda há 400 ocupações no Estado.
Em Minas Gerais, escolas ocupadas caíram de 103 para 59 nos últimos dois dias, segundo a Secretaria de Educação.
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No Estado de São Paulo, onde não havia escolas ocupadas, quatro unidades de ensino de Campinas foram tomadas por alunos ontem. A Secretaria Estadual de Educação prometeu combater o movimento.
No DF, até a noite de ontem, eram oito escolas ocupadas. Representantes do movimento fizeram uma declaração à imprensa: “A desocupação por medida judicial não vai acabar com o movimento. A ocupação é apenas uma das ferramentas que temos para nos manter mobilizados”, disse Ana Flávia, 16. “Depois do Enem, temos certeza de que o movimento vai ganhar força”, aposta Marcelo Vinícius, 17 anos.
Denúncia de tortura
Há ordens judiciais para a desocupação de todas as escolas do DF, mas os alunos estão usando a decisão do juiz Alex Costa de Oliveira, da Vara da Infância e da Juventude do DF, em relação ao Cemab, de Taguatinga, para denunciar o que consideram tortura. Em seu despacho, o magistrado autorizou o corte de água e energia e o uso de “instrumentos sonoros contínuos, direcionados ao local da ocupação, para impedir o período de sono”. “É grotesco usar táticas de guerra contra jovens que querem apenas melhores condições de ensino. Mas isso não vai nos calar”, afirmou Francisco o estudante Franco, 17.
A PM informou que está fazendo um plano operacional para desocupar as escolas. Na tarde de ontem houve um princípio de tumulto entre policiais e alunos do Gisno, escola de Brasília.