A AfD (Alternativa para a Alemanha), legenda populista de direita, surpreendeu os alemães e mostrou sua força nas urnas ao ficar em segundo lugar nas eleições regionais de domingo em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, com 20% dos votos, atrás apenas do PSD (Partido Social-Democrata, 30%), mas superando a CDU (União Democrata Cristã, 19%), da primeira-ministra, Angela Merkel.
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Segundo analistas políticos, o resultado tem forte significado, uma vez que desde a década de 1990 essa região alemã vem elegendo Merkel para o parlamento e, agora, deu seus votos a um partido que combate aquilo que a premiê defende desde o início da crise migratória – receber de portas abertas os refugiados.
Nas outras três eleições regionais realizadas neste ano (Baden-Württemberg, Rheinland-Pfalz e Sachsen-Anhalt), a AfD – criada há apenas três anos – já havia apresentado crescimento, com resultados acima dos 10% em todos eles.
“Agora, a Alemanha tem o que não existia desde o final da guerra: um partido de extrema-direita”, disse em editorial o jornal “Die Welt”. O Conselho Central dos Judeus na Alemanha declarou como “aterrador” o crescimento da AfD.
Da China, onde estava para o encontro do G20, Merkel declarou ter ficado triste com o resultado, mas que o momento é de reflexão sobre o que deve ser feito para reconquistar a confiança do povo alemão na sua política migratória.
Partido está em 9 dos 16 legislativos estaduais
Fundada no começo de 2013, a AfD é atualmente composta por cerca de 23,5 mil filiados. O rápido crescimento da legenda é atribuído ao seu discurso anti-imigração, que tem cada vez maior número de simpatizantes na Alemanha, todos contrários às bondades de “mãe Merkel”, como a premiê é chamada pelos refugiados. Estão nas fileiras da AfD integrantes do movimento Pegida (sigla em alemão para “Patriotas Europeus Contra a Islamização do Ocidente”). Desde domingo, nove dos 16 legislativos estaduais têm bancada da AfD. Berlim terá eleições em 18 de setembro, vistas como um ensaio geral às eleições legislativas de 2017.