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Candidato à Prefeitura de São Caetano, Auricchio aposta na mudança

Captura de Tela 2016-09-05 às 20.57.40selo-eleicoes-2016 eleicaoPrefeito de São Caetano entre 2005 e 2012 pelo PTB, José Auricchio Júnior tenta neste ano seu terceiro mandato, desta vez pelo PSDB. Na eleição municipal passada, lançou como sucessora Regina Maura, mas a chapa perdeu a eleição para Paulo Pinheiro (PMDB), atual prefeito. Em 2013, assumiu a Secretaria Estadual de Esporte, Lazer e Juventude, onde permaneceu até 2015. Novamente candidato a prefeito, Auricchio aposta em experiência de gestão e oferece como foco de campanha a reorganização dos serviços públicos.

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Qual é o foco da campanha?
É a mudança. O eixo principal dela é a reorganização dos serviços públicos, que passaram por uma avalanche nos últimos quatro anos. Ganhando a eleição, o desafio de governo é reorganizar os serviços públicos.

Como avalia o governo atual?

Acho que ele viveu os quase quatro anos na permanente crise de gestão. Você tem uma ausência completa na figura do comando executivo da cidade e com isso você permitia que vários outros grupos comandassem a prefeitura, seja grupo familiar, de partidos de fora, de políticos de fora… cada hora alguém comanda a cidade. Com isso, entra naquela história: “Cachorro que tem muito dono, morre de fome”. A cidade entrou em uma derrocada dos serviços públicos, levando rapidamente à deterioração de alguns desses serviços.

É possível fazer elogio ao governo atual?

Com toda elegância, eu vou me permitir não responder. Eu sou devoto de São Sebastião e de Santo Agostinho. Santo Agostinho dizia o seguinte: “Quando não puderes falar bem de alguém, cala-te”.

O que acha que dá para melhorar em relação aos seus dois mandatos?
Várias coisas, porque hoje já tenho a experiência adquirida não só dos meus oito anos como prefeito e dos oito anos como secretário municipal de Saúde, mas também os quase três anos que fui secretário de Estado. Então acho que, sem demérito a nenhuma outra candidatura, somos a que representa melhor a experiência em gestão administrativa. Podemos usar em  todas as áreas, mas sobretudo na saúde, que sempre foi uma marca da minha carreira. Só virei prefeito eleito por causa do trabalho que fiz na saúde nos oito anos do prefeito Tortorello e tenho certeza que esse é o sentimento maior das pessoas quanto a nossa candidatura. O atual governo foi realmente um furacão que deixou pedra sob pedra.

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Quais são os maiores problemas na saúde?

Acredito que é o acesso. Uma consulta básica demora meses, quando não chega a beirar ano, no caso de algumas especialidades. Quando você fala em acesso, ele não existe em atenção básica de consultas, mas também não tem em exames, que é o fundamental da área médica. Então muitas vezes o coitado do paciente consegue com duras penas uma consulta médica, aí quando vai para o exame demora entre 15 e 16 meses uma ressonância nuclear magnética. Vai na porta de qualquer unidade de saúde e pergunta quanto tempo estão esperando. Eles vão falar que estão entre 15 e 16 meses. Isso é incompatível. Quando você vai em assistência farmacêutica, que é o outro pilar, todo doente precisa de uma consulta para que tenha o diagnóstico e se estabeleça o tratamento. Isso é o básico de qualquer sistema de saúde. Então se você já tem dificuldade na consulta, quando muito você consegue se rastejar para fazer o exame e dá a oportunidade ao médico de fazer um diagnóstico, você precisa ser tratado, e aí está um horror completo. A política de assistência farmacêutica da cidade deixou de ser política pública para ser página criminal. A imprensa trouxe escândalos de compras de remédios com 600% de superfaturamento, incineração de mais de um milhão de comprimidos de Omeprazol. Isso é um prejuízo incalculável. Não só no ponto de vista econômico, mas do de assistência, de respeito ao cidadão. É um medicamento básico que muita gente usa. O que dizer para o morador quando você paga 600% a mais do que Atibaia paga na mesma caixa de antibiótico, do que Santo André, São Bernardo, Diadema ou Mauá, e ainda queima quando vencem um milhão de comprimidos. Então não se tem uma política farmacêutica. Se você pegar o tripé básico da assistência médica fundamental, que é consulta, exame e medicamento, o paciente está na mão.

O que pode ser feito para consertar esses problemas?

Imediatamente um choque de gestão. Precisa trazer quem entenda de saúde, tenha condições técnicas de imprimir de fato esses pilares fundamentais que foram construídos ao longo de 16 anos. Fui oito anos secretário  e oito anos prefeito. Ninguém construiu isso em seis meses ou um ano. Chegamos aos indicadores de melhores índices do país em mortalidade infantil, em assistência farmacêutica e em consultas pré-natal. Você precisaria ter um fenômeno de gestão pública que traga o restabelecimento disso, com mais consultas, equacionando essa fila de exames e com uma política de assistência farmacêutica real e verdadeira tocada por técnicos e não por quem quer faturar compra em 600%.

O Paulo Pinheiro reclama de uma dívida herdada do senhor. Qual é o plano para não afetar a saúde financeira do município em um novo governo?

Primeiro temos que clarear esse choramingo dele que já enjoou não só a mim como a todos. Temos que colocar claramente: não é dívida, são restos a pagar que qualquer governo deixa e o dele inclusive vai deixar para o próximo. Hoje você tem fornecedor da prefeitura atrasado, fornecedor de cesta básica não recebe, fornecedor de merenda escolar não recebe, o de remédio deve receber, porque faturando 600% em compra de remédio, deve receber. Mas grandes fornecedores da prefeitura estão girando aí com cinco ou seis meses de atraso. Ou seja, esses restos a pagar vão ficar para o próximo prefeito. Temos que ter a clareza e a honestidade com o cidadão de mostrar que esse é um fenômeno que acontece em todos os locais. E não sou eu que vou condenar se ficar restos a pagar para a próxima administração. Quando uma comunidade te elege prefeito, ela elege alguém para cuidar das coisas dela, inclusive das finanças. E choramigar é tudo que não podia, porque em quatro anos foram arrecadados R$ 5 bilhões. Onde foi aplicado esse valor todo? Você tem sala de aula sem professor porque a prefeitura não consegue pagar. Em contrapartida, tem uma Fundação ABC que tem 2 mil funcionários, sendo que menos de 400 são técnicos, 1,6 mil são funcionários administrativos. No populês, chamamos de cabide de emprego, marajá, funcionários fantasmas, etc.

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O que pretende fazer para colocar o Hospital São Caetano em pleno funcionamento?

Ele passa a ser um problema de cunho regional. Eu diria que das entidades federativas. Não adianta achar que no âmbito do Consórcio Intermunicipal do ABC vai ser resolvida a questão, muito menos no âmbito municipal. O Hospital São Caetano precisa ser levado, por meio do Consórcio, que é o que foi feito, ao Governo do Estado e federal, porém nada andou. “N” reuniões que foram para Brasília e a única coisa que trouxeram foram nota fiscal de hotel, restaurante e avião para pagar. De concreto, nada. O secretário Davi Uip me falou pessoalmente do interesse que tinha de pagar o custeio como de hospital regional. O governo federal não teria dificuldade de estruturá-lo do ponto de vista de obra física para colocá-lo em funcionamento.

Vai manter a proposta de transformar o terreno da Matarazzo em parque?

Não só vou manter a proposta como vou realizá-la. É um problema altamente complexo em que uma parcial solução é levar o parque para uma área que pertença a prefeitura. Não estou falando que essa seja a solução, mas tem que ter um ponto de partida que saia da administração municipal.

Por que não concretizou a proposta no seu governo?

Porque entramos com o processo na Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). É um processo lento, com inúmeras perícias. Tivemos que encomendar duas perícias para a Cetesb relativas aos 20 mil metros quadrados que pertencem a prefeitura, que é produto de uma execução fiscal feita pela minha administração. Se não, nem isso a prefeitura teria. Conseguimos arrematar a área com permuta de dívida fiscal do grupo Matarazzo. É a primeira vez que estou falando disso. As pessoas acham que temos esse espaço e ele caiu do céu, mas não é não. Tudo bem que talvez não represente 10% do conglomerado da área, mas é uma área viável.

A Lava Jato pode interferir nas eleições municipais?

Meu adversário principal foi financiado na outra eleição por empresas ligadas a Lava Jato. Isso a imprensa noticiou. Ele tem um secretário municipal que está na lista da Oderbretch. Portanto, acho que tem vínculos com a Lava Jato. O partido dele é o centro da questão da operação. Eu, particularmente, não tenho vínculo com isso. Na verdade, a Oderbretch estava em uma obra do meu mandato. No aqueduto que leva água da Sabesp até Capuava e nós levamos como contrapartida a construção do Hospital de Olhos do Centro de Tratamento de Câncer por interferência na via pública da cidade. Mas não conheço ninguém, nunca tive financiamento por parte deles, nem a Regina. Então o vínculo com a Lava Jato ele pode explicar melhor.

Suas contas como prefeito foram reprovadas no TCE (Tribunal de Contas do Estado), o que impediria sua candidatura. Porém, o senhor conseguiu liminar para concorrer. Acha que isso pode trazer impactos negativos para a campanha?

O tribunal não esgotou as fases de julgamento. Ele te julga três vezes: primeira e segunda instâncias e embargos. Acabou o julgamento da primeira, eles trouxeram para cá as contas e fizeram uma votação política para me deixar fora do processo temendo naturalmente a disputa eleitoral. Vale a pena falar: o tribunal não rejeitou em definitivo. Eu tenho duas etapas de julgamento ainda para mudar o resultado. Fizeram uma sessão absolutamente sinistra que a Justiça cassou. Ela anulou o parecer do TCE por eu não ter exercício das duas etapas de defesa. Essa foi uma vitória que tive em pleito definitivo. Em paralelo a isso, tenho outra ação que colocamos no dia dessa sessão que o juiz interpretou que já não tinha objeto, já não tinha sido a sessão desse mandato de segurança. Recorremos ao Tribunal de Justiça em segunda instância e ganhamos, anulando também a sessão. Então ela tem dupla anulação de duas sentenças distintas, uma da Vara da Fazenda Pública e outra da Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça. Nada em fase liminar, tudo em definitiva. E o parecer do TCE que na Vara da Fazenda Pública foi anulado. Portanto, há uma desconstrução política dessa premissa que foi construída de forma sorrateira, marginal, politizada e sabe lá Deus porque trocaram interesses disso com a Câmara.

Caso vença a eleição, pode acontecer algo que derrube essa sentença?

Não. São sentenças definitivas, não tem o que derrubar. Tem o que transitar e julgar no STJ (Superior Tribunal de Justiça) ou STF (Supremo Tribunal Federal) e o Tribunal de Contas vai ter que abrir defesa para nós de novo. Se isso vai ser em um ano, dois, cinco anos, só Deus e a Justiça podem falar. Fatores novos não interferem no resultado eleitoral. 

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