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Sem-teto dizem que ocupação de prédio da Presidência em SP continua

Manifestante é detida pela polícia | Paulo Whitaker/Reuters

Mesmo após as bombas atiradas por policiais militares por volta das 16h30 desta quarta-feira(1º) e a detenção de seis pessoas, membros do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) dizem que vão permanecer ocupando o prédio da Presidência da República na Avenida Paulista, em São Paulo, por tempo indeterminado. O prédio foi ocupado por volta das 14h30 em protesto contra a suspensão de parte do programa Minha Casa, Minha Vida. Além de ocupar o interior do prédio, os manifestantes ergueram um acampamento com lona preta em frente à sede da Presidência.

A jornalistas, o tenente-coronel da Polícia Militar (PM) André Luiz disse que seis pessoas foram detidas no ato desta quarta-feira por «desacato, agressão, resistência e obstrução à detenção de um indivíduo». Uma das pessoas detidas era uma mulher.

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Segundo Guilherme Boulos, um dos coordenadores do MTST, o prédio foi ocupado, militantes acamparam na calçada da Paulista e faziam uma manifestação pacífica. «Aqui tem idoso, mulher grávida, crianças. Simplesmente, uma pessoa do movimento soltou fogos para cima, como tem em todas as manifestações, e um grupo de policiais, covardemente, pegou ele, agrediu, espancou, prendeu e espancou novamente, com ele imobilizado. As pessoas foram tentar tirá-lo e, nesse processo, prenderam mais cinco pessoas, inclusive uma médica, que foi tentar ver os ferimentos».

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Boulos disse que o episódio mostra, mais uma vez, como a Polícia Militar lida com trabalhador. «É cínico ver que tem um grupo de pessoas há dois meses acampadas na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) [pedindo a saída da presidente afastada Dilma Rousseff] e são tratados com filé mignon e selfie com essa mesma tropa de choque», afirmou. Ele acrescentou que os sem-teto vão ficar no local por tempo indeterminado, «até que esse governo ilegítimo devolva as moradias que tomou do povo».

Tumulto

Por volta das 16h30, um dos manifestantes soltou um rojão e foi abordado por policiais militares. Para impedir que ele fosse detido, outros manifestantes se aproximaram dos policiais, o que deu início ao tumulto. A polícia jogou bombas de gás e spray de pimenta para dispersar o grupo. Segundo o tenente-coronel André Luiz, ele foi detido «porque estava com objetos que são proibidos em manifestações, e a polícia já foi agredida diversas vezes por rojões. Ele não deveria ter vindo com rojões para cá».

Após a confusão, o tenente-coronel foi conversar com Boulos. A conversa entre eles foi gravada e acompanhada por jornalistas e manifestantes. «Vocês começaram a agredir ele [o manifestante]», disse Boulos a André Luiz. «Eu vou pegar uma mochila cheia de fogos e vou fazer o quê com ela?», respondeu o coronel, sobre o fato de ter apreendido uma mochila junto ao manifestante que soltou o rojão.

O coronel perguntou a Boulos se o ato permaneceria e recebeu uma resposta positiva. «Vamos permanecer aqui do jeito que está agora», respondeu Boulos. «Mantenha o pessoal fora da rua para que não haja nenhum acidente e ninguém seja atropelado. Vocês poderão permanecer aí o tempo que quiseram», disse o coronel ao líder do MTST. «Mas vocês nos asseguram que não haverá mais nada, nenhuma repressão?», perguntou Boulos. «Não fizemos nenhuma repressão. Só apreendemos um indivíduo que estava com material proibido para manifestação», disse o policial.

Boulos informou que uma comissão de deputados estaduais e federais está tentando interceder pela libertação dos manifestantes detidos no ato de hoje. Entre eles estão o deputado estadual João Paulo Rillo (PT) e os deputados federais Ivan Valente (PSOL-SP) e Paulo Teixeira (PT-SP), além do secretário municipal de Direitos Humanos, Eduardo Suplicy.

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