
O relacionamento conflituoso entre taxistas e motoristas da Uber parece longe de terminar. De acordo com o Sintáxi (Sindicato dos Taxistas de Porto Alegre), a categoria teve um prejuízo de 30% nos rendimentos desde 19 de novembro de 2015 – data que marcou o início das operações do aplicativo na capital gaúcha – até o momento. A estimativa tem como base o período entre novembro de 2014 e março de 2015.
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O diretor administrativo do Sintáxi, Adão Ferreira Campos, repetiu o discurso do poder público e classificou a concorrência da Uber como desleal, ressaltando que pediu à EPTC (Empresa Pública de Transporte e Circulação) um reforço na fiscalização.
“É um sistema predador, que não presta contas a ninguém e não possui qualquer regulamentação para operar. Hoje pode ser mais barato, mas amanhã pode deixar de ser. Eles fazem o que querem com a tarifa”, apontou Adão.
Entre os taxistas, o sentimento é de que o prejuízo seja até maior do que os 30% apontados pela entidade.
Taxistas opinam
Profissional do volante há 37 anos, Toninho do Táxi acredita durante a noite o estrago é ainda maior. “Diria que das 22h às 6h, já perdemos cerca de 40% dos clientes nos últimos quatro meses”, analisa. Para ele, o principal público perdido é o de adolescentes, que “preferem chegar em festas num carro que pareça particular”.
Outro profissional, que não quis ser identificado, atribuiu a perda de clientes aos maus profissionais. “São alguns colegas, e não a Uber, que tiram clientes dos taxistas respeitadores, educados, que cuidam do carro e dirigem com segurança. Os bons pagam pelos ruins”, reclama.
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Já Newton Boa Nova, motorista de táxi há 15 anos, opina que os colegas devem investir no bom atendimento e no bom estado do carro para concorrer em pé de igualdade. “A retração de clientes é uma realidade, então nós temos que fazer a nossa parte”, ratifica.
Em nota, a Uber declarou que não é concorrente dos táxis, pois presta outro tipo de serviço.