Brasil

PMDB deve selar fim da relação de 13 anos com o PT nesta semana

A decisão do PMDB sobre deixar a aliança com Dilma Rousseff  é tida, no meio político, como um dos maiores baques já enfrentados pelo governo petista. Pelo menos 15 diretórios estaduais da legenda já se posicionaram publicamente pelo rompimento imediato e entrega de todos os cargos ao governo. Foram eles que assinaram o pedido de antecipação para amanhã da reunião do diretório nacional para que seja votado o fim do apoio.

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Na semana passada, o governo recebeu sinalização do PP de que, se o PMDB sair, o partido também deverá deixar a base. É o temido efeito manada, que também pode levar PR e PSD.

Apesar do momento árido e de frequentes hostilidades vindas principalmente do PMDB da Câmara, o Planalto ainda conta com importantes redutos dentro do partido.

Mesmo na inóspita bancada de deputados, o líder Leonardo Picciani (RJ) é aliado de primeira hora de Dilma e tem buscado guiar o partido no comboio da presidente – apesar de o diretório de seu Estado ter rompido com o governo este fim de semana, após a demissão de Antônio Henrique de Carvalho Pires, nome indicado pelo vice-presidente Michel Temer, da presidência da Funasa.

No Senado, o governo mantém boa relação com o PMDB e conta com caciques.

As cidadelas do governo no partido não podem, entretanto, ser superdimensionadas. Até mesmo os ministros entendem que o momento é ruim e isso faz toda a diferença numa votação deste porte.

 

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Reforços na Esplanada

Os sete ministros do PMDB deixarão a decisão de desembarcar para a última hora e vão trabalhar pelo adiamento. “Possibilidade de adiar sempre há, mas não acredito”, resumiu o ministro da Saúde,  Marcelo Castro (PI).

Se não creem no adiamento, a estratégia é jogar o jogo. Por isso, ministros do partido cogitam deixar o cargo e reassumir seus postos no Congresso para reforçar o poder de Dilma quando chegar a hora de votar o processo de impeachment.

O expediente, já usado quando da eleição do líder da bancada, mostra que apesar dos discursos, os governistas de fato reconhecem o cenário desfavorável.

“A decisão de voltar para a Câmara é uma decisão do ministro, mas se ele me perguntar se deve voltar eu digo: claro. Meio voto vai ser fundamental aqui, quanto mais o voto de um ministro. Cada voto vale por dois”, afirmou o vice-líder do governo na Câmara, Silvio Costa (PTdoB-PE). “No PMDB tem gente de oposição, mas tem gente do governo também.”

Espectador

Nas entrelinhas, o governo dá sinais de estar conformado com o desembarque do PMDB. Tenta nos discursos não agravar a situação e demonstrar respeito pela autonomia do partido em decidir seu caminho. O Planalto acredita que mesmo que haja o desembarque, poderá continuar a contar com alguns votos do PMDB para barrar o impeachment.

“Preservada a autonomia do PMDB, que nós tenhamos uma postura que garanta a legalidade democrática. Participar ou não do governo é uma prerrogativa. O PMDB teve um vice-presidente eleito. Em tese e por direito, por mandato do povo brasileiro, o PMDB tem compromisso com a estabilidade política do país e do mandato da presidente Dilma”, afirmou o líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), em referência o vice-presidente Michel Temer.

A ala pró-impeachment, no entanto, está disposta a subir o tom. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), que atua pelo rompimento fala em novo ciclo. “Espero que o PMDB tome a decisão correta no dia 29. Estarei lá para votar pela saída do PMDB do governo. Sairmos definitivamente desse processo”,  disse. 

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