No papel, a base aliada da presidente Dilma Rousseff (PT) no Congresso é imbatível. Na prática, porém, o tamanho do apoio ao governo apresenta bastante fragilidade no plenário.
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Com a perspectiva de votação do pedido de abertura do processo de impeachment, que precisa de 171 votos para ser derrubado, e da recriação da CPMF, que só é garantida com aval de pelo menos 308 deputados e 49 senadores, o governo trabalha para evitar maiores percalços, embora não consiga mensurar o tamanho do apoio que tem.
A crise se agravou nos últimos dias a partir da divulgação da delação premiada do ex-líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), e do pedido de prisão preventiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
O cenário adverso impôs uma peso maior à decisão da Convenção Nacional do PMDB, marcada para amanhã em Brasília. O vice-presidente, Michel Temer, que busca se reeleger para um novo mandato na presidência do partido, resiste, mas deve ceder à discussão do rompimento com o governo.
Governistas admitem, reservadamente, que isso por si poderia ser o início do fim, além de gerar um efeito manada que levaria outros partidos para o lado da oposição, vertente que recentemente ganhou o reforço do PSB.
Mais simbólico foi o jantar que reuniu a bancada do PSDB e do PMDB do Senado na noite desta quarta-feira.
Embora minimize o encontro, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defendeu que o partido discuta o futuro ao lado do PT no encontro. “Não dá para a gente virar as costas como se não estivesse acontecendo nada”, alertou.
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O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também procurou dissipar rumores quando perguntado sobre o jantar com os tucanos. Alegou que tem conversado com todos os partidos e citou nominalmente Lula.
Termômetro
O enfraquecimento político tem sido visível e o risco de traições está sempre presente. Na Câmara, a base governista precisou aderir à obstrução da oposição porque não ousou arriscar ver aprovada a proposta que altera o cálculo das dívidas e provoca um rombo de R$ 500 bilhões aos cofres públicos.
Mesmo no Senado, onde o PMDB é bem mais alinhado com o Planalto e garante relativa segurança, as coisas começam a mudar. Numa votação carregada de simbolismo em tempos de Lava Jato, o governo foi obrigado a costurar um acordo com adversários para minimizar a derrota na proposta que revoga a participação obrigatória da Petrobras na exploração do pré-sal.