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Mutilação genital atinge mais de 140 milhões de mulheres em 30 países

Não há dúvidas de que as mulheres vêm se posicionando de maneira mais efetiva na sociedade. No ano passado, elas criaram hashtags nas redes sociais para denunciar formas de abuso, foram às ruas reivindicar o direito pelo próprio corpo e fizeram, como muitos já dizem, a primavera feminista. O barulho foi alto e ecoa sobre temas antigos, mas silenciados até hoje.

Esse é o caso da mutilação genital feminina (conhecida também pela sigla MGF), que atinge mais de 140 milhões – sim, você leu certo, são milhões – de mulheres em cerca de 30 países e fez com que a ONU promovesse anualmente a campanha do Dia Internacional da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina, comemorada no último dia 6.

A prática consiste em alterar ou ferir o órgão sexual feminino sem razões médicas. Segundo a ONU, o procedimento viola “os direitos à saúde, segurança e integridade física” e que, não muito raro, pode levar à morte.

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“A mutilação genital feminina difere de acordo com as culturas, mas, em todos os casos, infringe os direitos de meninas e mulheres. Nós precisamos acelerar esforços – das nações, profissionais da saúde, líderes comunitários, pais e familiares – para eliminar a prática”, alerta Geeta Rao Gupta, diretora executiva adjunta da UNICEF.

E um dos fatos mais chocantes é que, na maioria dos países, os casos envolvem garotas com menos de 15 anos. A OMS adverte que a mutilação do corpo feminino não tem benefício algum à saúde. Pelo contrário, causa “danos ao tecido genital e interfere na função natural do corpo”. Confira os fatos mais recentes sobre essa prática que é considerada violação dos direitos humanos. 

Perdidos no mapa, presentes na vida real

Os casos de mutilação genital podem até estar acumulados no Oriente Médio, África e em alguns países, como Estados Unidos, Canadá e vários da Europa, onde há maior concentração de imigrantes. Entretanto, estar livre da bolinha vermelha em cima da América do Sul não significa que, por aqui, nós também não tenhamos episódios registrados.

Em 2002, a antropóloga Bia Labate, especializada em cultura indígena, encontrou mulheres mutiladas na tribo shipibo-conibo, no Peru, país vizinho do Brasil. Embora alguns pesquisadores acreditem que a comunidade já tenha abandonado o hábito, há ainda quem diga que, sim, continuam acontecendo amputações nas tribos mais isoladas.

Já em 2015, foi a comunidade embera-chamí, na Colômbia, que teve a prática revelada depois de uma menina mutilada morrer no leito de um hospital de Porto Rico, onde vivem cerca de 25 mil emberas.

O Instituto Colombiano de Bem-estar Familiar, em conjunto com Fundo de População das Nações Unidas Colômbia, começou uma tarefa de transformação cultural entre as comunidades para desnaturalizar a mutilação. Estima-se que, desde então, houve redução de 80%.  

FATOS

A mutilação genital feminina inclui processos que intencionalmente alteram ou causam ferimento aos órgãos genitais femininos sem motivos médicos.

O procedimento não tem nenhum benefício para as mulheres e meninas mutiladas.

Pode causar sérias hemorragias e problemas urinários e consequências como cistos, infecções, infertilidade, complicações no parto e aumento do risco de mortes neonatais.

A mutilação genital é reconhecida internacionalmente como violação dos direitos de meninas e mulheres.

Para debater a situação, a UNFPA e a UNICEF promoveram um evento de “Mobilização para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável através da eliminação da MGF até 2030”, na sede da ONU, em Nova Iorque, no último dia 8.

A mutilação é realizada com facas especiais, tesouras, bisturis, pedaços de vidro ou lâminas de barbear.

Métodos anestésicos e antissépticos não costumam ser usados .

O primeiro conhecimento que se tem da prática advém dos tempos dos faraós.

MGF não é apenas uma prática realizada no Oriente Médico. É possível encontrá-la, inclusive, na América do Norte, do Sul e na Europa.

Egito é o país com maior prevalência de mutilação genital feminina, tanto em crianças quanto em mulheres.

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