Foco

Calha entupida, tampinha de garrafa ou ralo podem ser esconderijo de Aedes

Nem só em pratinhos de vaso, baldes, vasilhas e pontos mais óbvios de acúmulo de água vivem e eclodem larvas do Aedes aegypti, eleito inimigo público número 1 do país e vetor da dengue, da febre chikungunya e do vírus zika, esse último motivo de preocupação mundial.

Uma calha entupida com pequenas folhas basta. E isso passa muito desapercebido: o vento manda folhas secas para a calha, chove, acumula uma pequena quantidade de água ali e pronto, lá vem a fêmea do Aedes depositar seus ovinhos que, depois de uma semana, viram larvas.

“Às vezes o risco é oculto. Tudo que o pode juntar água parada, ainda que em quantidade bem pequena, precisa ser olhado minuciosamente e eliminado”, alerta a médica do Programa Municipal do Controle do Aedes Aegypti de São Paulo, Bronislawa de Castro.

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Ela diz que as equipes de agentes de saúde já encontraram larvas do Aedes até em pequenas tampas de garrafas PET.

Lajes são outro ponto de atenção, explica a médica. “É preciso inspecionar se ela tem pontos de acúmulo de água, porque isso ocorre fácil com as chuvas. Veja se a laje tem um local de escoamento de água adequado e desentupido. Se não, é necessário providenciar.”

O escoamento normalmente é feito por ralos e esses podem, também, ser um foco do inseto. “Ralos internos devem ter a tampa abre e fecha. Nos externos, é necessário jogar água sanitária ou desinfetante uma vez por semana.”

O pote com água do seu melhor amigo, seja cachorro ou gato, também precisa de cuidados. “Limpar com esponja uma vez por semana elimina possíveis focos”, diz Bronislawa.

A piscina sem uso é um risco potencial e óbvio. Muitos, para evitar esse problema, cobrem o local com lonas, bem vedadas, achando que assim livraram o risco. Mas aí surge outro: as “barriguinhas” que essa lona cria, podendo acumular água em caso de chuva. E isso vale para qualquer material coberto com lona que possa formar pequeninas poças de água, mesmo quase imperceptíveis.

E toda essa revisão minuciosa em casa precisa ser feita uma vez por semana, pois esse é o tempo que o ovo do aedes precisa para eclodir e virar larva.

Pois bem. Você faz a revisão semanal, aprendeu novos pontos de atenção e acha que se deparou com as larvinhas. Como identificar e o que fazer? “A larva parece uma minhoquinha que se movimenta bem rápido. Se a encontrou, a pessoa deve jogá-la em terra, pois ela absorve a água e, assim a larva morre”, finaliza.

 

Dengue hemorrágica preocupa 
Tanto a dengue clássica como a hemorrágica são causadas pelos mesmos vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. A diferença está na gravidade de cada uma.

Existem quatro tipos de vírus e, quando uma pessoa é infectada por qualquer um deles, ela apresenta os sintomas clássicos: dor no corpo e nas juntas, dor de cabeça, febre e manchas vermelhas pelo corpo.

Esses sinais duram de três a sete dias, até que o indivíduo pareça curado. E é exatamente após essa “melhora” que a dengue hemorrágica pode se manifestar.

“Em algumas situações, a pessoa desenvolve uma manifestação inflamatória intensa no organismo e, após a [aparente] melhora, ela começa a apresentar sinais de alarme, como dor no abdômen, batedeira no peito, sangramento de gengiva e nariz e recorrência da febre”, explica Jean Gorinchteyn, infectologista do Hospital Emílio Ribas.

Não há um critério que defina qual pessoa desenvolve a dengue hemorrágica, pois ela é uma resposta individual e está relacionada com cada sorotipo do vírus.

Enquanto a dengue clássica pode ser monitorada de casa, o tratamento para a hemorrágica é mais complexo. É necessário realizar terapias contra insuficiência circulatória em uma UTI (Unidade de Tratamento Intensivo).

Segundo Secretaria de Saúde, a capital registrou 25 óbitos no ano passado, mas os dados não separam as mortes por dengue clássica ou hemorrágica.

‘Campeã’, Lajeado terá tenda
O Plano de Contingência da Dengue da Prefeitura de São Paulo prevê a instalação de até 14 tendas de combate à dengue neste ano. As duas primeiras deverão ser instaladas até o dia 28 de janeiro, na zona leste, nos distritos Penha e Lajeado, onde há elevada incidência de casos da doença. As outras 12 ainda não têm local nem data definidos.

Mas o critério para a escolha dos locais da tenda não é a quantidade de notificações da região, segundo a prefeitura.

As tendas são instaladas de acordo com a demanda do atendimento: quando os casos de suspeita de dengue, zika vírus ou chikungunya atingem 40% da capacidade de certa região, as tendas são instaladas para auxiliar no tratamento. Cada uma tem capacidade para uma média de 180 atendimentos por dia.

Aplicativo
A prefeitura lançou, no sábado, o aplicativo “Sem Dengue” para smartphones. Com ele, a pessoa poderá fotografar um local que considera um criadouro do mosquito e enviar, colaborando com o trabalho de combate aos focos. A ferramenta serve como banco de dados de informação da Secretaria de Saúde para mapear possíveis criadouros.

Exército fará novas ações
A partir de hoje, 55 mil homens do Exército vão às ruas em mais de cem cidades do país para iniciar a terceira fase das ações de combate ao Aedes aegypti, segundo o ministro da Defesa, Aldo Rebelo. Essas ações ocorrerão até a próxima quinta-feira.

Segundo o ministério, essa terceira etapa é uma ação direta de combate ao Aedes, e não apenas de orientação, envolvendo desde a aplicação de larvicidas e inseticidas ao acompanhamento dos agentes de saúde.

No último sábado, foi realizada ação nacional de combate ao mosquito, mas ela foi preponderantemente educativa, com distribuição de folhetos. Mas, segundo Rebelo, mesmo assim homens do Exército eliminaram criadouros do mosquito. Um balanço da mobilização de sábado deve ser divulgado hoje.

Larvicida é liberado, diz Saúde
No fim de semana, nota técnica da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva) avaliando a possibilidade de o larvicida Pyriproxyfen ter relação com os casos de microcefalia no país circulou pelas redes sociais, levando o secretário de Saúde do Rio Grande do Sul, João Gabbardo dos Reis, a suspender no sábado o uso do produto no Estado.

O Pyriproxyfen vem sendo usado em ações de combate a larvas do Aedes aegypti no país.

Depois da reação, o Ministério da Saúde soltou not dizendo que só usa larvicidas recomendados pela Organização Mundial de Saúde e que a secretaria do Rio Grande do Sul “tem autonomia” para usar o produto distribuído pela pasta.

O laboratório fabricante do larvicida, Sumitomo Chemical, disse, em nota, que não há base científica que comprove danos à saúde causados pelo larvicida.

Casos
O Ministério da Saúde investiga 3.852 casos suspeitos de microcefalia no país. O novo boletim, divulgado na sexta-feira, aponta que 462 casos já tiveram confirmação de microcefalia ou algma alteração do sistema nervoso central, sendo que 41 com relação ao vírus zika.

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