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Mundo entra em alerta para evitar epidemia de zika vírus

O zika vírus tomou conta das preocupações das autoridades sanitárias mundiais. Reuniões de emergência e recomendações seguidas da OMS (Organização Mundial de Saúde) se somam ao noticiário sobre novas formas de contágio além da picada do mosquito Aedes aegypti.

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Na segunda-feira, a OMS decretou emergência mundial devido ao zika e sua possível associação a casos de microcefalia em bebês. Nesta quarta-feira, a entidade emitiu comunicado alertando que o risco de o vírus se disseminar na Europa cresce com a chegada da primavera e do verão e fez um apelo para que sejam tomadas medidas de prevenção desde já.

Uma reunião de emergência entre ministros da Saúde de 14 países da América terminou com o anúncio de medidas como campanhas de alerta sobre os riscos do zika vírus em aeroportos, portos, rodoviárias e fronteiras e impulsionar o treinamento do pessoal de saúde dos países.

Para colocar as medidas em prática, a Opas, braço da OMS para as Américas, vai repassar US$ 8,5 milhões aos países da região.

Ainda ontem, Pernambuco divulgou ter 12 casos confirmados de microcefalia relacionados ao zika.

Transfusão e sêmen

As medidas foram anunciadas em meio à divulgação de casos da doença que não teriam sido transmitidos pelo mosquito vetor. Em Campinas (SP), um paciente teria contraído o vírus após receber sangue contaminado com o material.

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No Texas (EUA), autoridades investigam paciente contaminado após ter relação sexual com uma pessoa que tinha ido à Venezuela, onde o vírus está em circulação.

A OMS manifestou preocupação com o caso e pediu que sejam feitos mais estudos para entender quão frequente e provável pode ser essa forma de contágio.

A infectologista Regia Damous, do Hospital São Luiz, em São Paulo, disse que o zika vírus já foi identificado em outros fluidos como sêmen, urina, saliva e até leite materno. Mas ainda não se sabe quanto tempo ele  fica nesses fluidos ou se há uma forma de transmissão eficiente por eles.

“A viremia do zika no sangue é maior nos cinco primeiros dias, mas 80% dos casos são assintomáticos. Então, uma pessoa nessas condições pode doar sangue, por exemplo, sem saber que está com o vírus.”

A Associação Brasileira de Hematologia disse, em nota, que a transmissão do zika por transfusão de sangue  é “evento raro” e que não há  testes laboratoriais adequados para triar doadores de sangue.  

 

Fundação precisa de doadores
O medo natural de algo novo e desconhecido, como a escalada de casos do zika vírus, assusta a população. E a recente confirmação de que um jovem de 20 anos foi diagnosticado com zika em Campinas, 93 km de SP, após ter doado sangue contribui para o receio de uma parcela das pessoas. Um eventual impacto disto nas doações, porém, prejudicaria um cenário que já é delicado: os estoques de bolsas de sangue no período pré-Carnaval.

Responsável pelo abastecimento de mais de 100 instituições de saúde da Grande São Paulo, a Fundação Pró-Sangue vem pedindo a colaboração da população para manter seus estoques em dia.

Segundo a Fundação, o estoque está crítico para os tipos O positivo, O negativo e A Negativo. Ainda segundo a Fundação, com a saída de inúmeras pessoas da cidade, no período de Carnaval, há um afastamento dos doadores dos postos de coleta. Com isso é esperada uma redução sensível no estoque de bolsas de sangue que pode chegar a 30% em relação aos parâmetros de normalidade.

De acordo com dados da Fundação, em 2014, a Fundação conseguiu 127 mil bolsas doadas. Em 2015, foram 131 mil.

Em janeiro de 2016, foram doadas 9.500 bolsas. Menos do que as 10.283 bolsas de janeiro de 2015 e das 9.928 de janeiro de 2014. Porém, segundo a Fundação, neste ano, o Posto Regional de Osasco (Grande SP) permaneceu fechado para reforma. A média de bolsas doadas em Osasco é de 2 mil bolsas/mês.

Por isso, a Fundação ressalta que não houve uma variação expressiva quanto ao número de bolsas coletadas, na comparação com janeiro de 2016 e períodos similares em anos anteriores.

Segundo a Fundação Pró-Sangue, a meta de bolsas a serem coletadas é de 11 mil bolsas por mês.

Metro Jornal perguntou à Fundação Pró-Sangue, via assessoria de imprensa, sobre o que poderia ser dito para tranquilizar quem queira doar, mas esteja preocupado com as notícias recentes sobre o zika vírus. O questionamento, porém, segundo a assessoria, foi encaminhado à área técnica da Fundação, mas não foi respondido até a publicação desta reportagem.

Guia para doar
Para doar sangue basta estar em boas condições de saúde, vir alimentado, ter entre 16 e 69 anos, pesar no mínimo de 50 kg e trazer documento de identidade original.

O posto de fácil acesso é posto Clínicas, localizado dentro do Hospital das Clínicas (av. Dr. Eneas Carvalho de Aguiar, 155, 1º. andar – Cerqueira Cesar). O local atende de segunda a sexta-feira das 7h as 19h, sábados e feriados, das 8h as 18h e domingos, 1º. e 3º. de cada mês das 8h as 13h.

Para mais informações, endereço dos demais postos de coleta e horário de funcionamento, ligue para o Alô Pró-Sangue 0800-55-0300 ou acesse o site www.prosangue.sp.gov.b 

Questão cultural
A Fundação Pró-Sangue afirma que historicamente registra-se nas férias escolares, feriado prolongado, inverno e festas de final de ano queda no volume de doadores. Nesses períodos é comum as pessoas priorizarem viagens e não uma doação de sangue. Por outro lado, é nesse momento que os bancos de sangue mais precisam de doadores por conta de atender às solicitações de transfusões de sangue. Apesar dos avanços conquistados nos últimos anos, captar doadores ainda representa um grande desafio diário.

Ainda segundo a Fundação, no Brasil, infelizmente, menos de 2% de nossa população doa sangue. Doar sangue ainda não se transformou em hábito para o brasileiro e não faz parte da cultura de nosso povo, segundo a Fundação.

Na família e na escola, locais onde geralmente recebemos os primeiros ensinamentos de nossas vidas, dificilmente o assunto da doação de sangue é tratado. Hoje, é difícil encontrar uma pessoa que, residindo em uma cidade como São Paulo, não conheça ou saiba de alguém que, por uma circunstância qualquer, tenha necessitado de doação de sangue. Além disso, segundo a Fundação, existem milhares de pessoas que, sofrendo de doenças hematológicas crônicas (hemofília, talassemia, síndromes anêmicas etc) necessitam de permanentes transfusões de sangue.

Outra dificuldade apontada pela Fundação tem sido fazer com que as pessoas transitem da consciência para a ação. Ou seja, não basta a alguém saber que é preciso doar sangue. Ele e outras pessoas que sabem que doar sangue é importante, também precisam doar. Precisam ser coerentes; isto é, abandonar o discurso e partir para a ação. Quando isso acontecer, o estoque de sangue nos hemocentros será satisfatório, afirma a Fundação.

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