Brasil

Estudantes criam mapa da divisão racial no país

«Bairros considerados mais nobres têm concentração maior de pessoas brancas”, diz João Paulo Apolinário | Marcelo Camargo/Agência Brasil

A relação entre a cor da pele e a situação socioeconômica dos brasileiros é revelada nos dados do censo realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Esse quadro fica evidente quando os dados são transformados em imagens, como no projeto do mapa racial realizado pelos estudantes João Paulo Apolinário, Rafael Viana e Tiago Gama. Em pouco mais de um mês, os três apresentaram uma ferramenta visual e interativa da distribuição de raças pelo país.

Os jovens se inspiraram no mapa racial feito nos Estados Unidos e utilizaram dados de 2010 do IBGE. Nas imagens, cada raça catalogada recebeu uma cor e cada ponto corresponde a uma pessoa. Os círculos aglutinam os pontos. Ao entrar no endereço onde  está disponível (www.patadata.org/maparacial/)  é possível encontrar e explorar as informações por cidade ou Estado. “Nosso objetivo era lançar uma visualização de informação pública”, explica João Paulo Apolinário, que estuda comunicação na UnB (Universidade de Brasília). Segundo ele, o trio evitou fazer qualquer tipo de análise profunda e sociológica, mas chegou a consensos.

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“A ideia era deixar as pessoas verem e tirarem suas próprias conclusões, mas acaba que a gente vai vendo a divisão racial do país. Bairros considerados mais nobres têm concentração maior de pessoas brancas.”

Desde o lançamento, na semana passada, o site já teve 25 mil visualizações. “Temos visto as pessoas replicando nas redes sociais, olhando as suas cidades e discutindo as questões”, relata Paulo Apolinário.

Características

Para Rafael Viana, estudante de direito da USP, a segregação racial no Brasil ainda é menor do que a vista no mapa norte-americano, mas chama atenção o critério para a autodeclaração. “Dá para perceber que são poucas pessoas que se declaram pretas. A maior parte se diz parda.”

Fazendo o mapa

Os criadores do projeto utilizaram dois milhões de arquivos com informações geográficas sobrepostas de cada cidade. Os estudantes já pensam em novos projetos envolvendo o mapeamento de dados. “Muitas mudanças que podemos fazer na sociedade envolvem analisar as coisas de forma mais objetiva, fora do senso comum”, define Rafael Viana.

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