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Medo de ruptura de nova barragem força retirada de moradores em Mariana

Distrito de Bento Rodrigues destruído pela lama das barragens que se romperam | Ricardo Moraes/Reuters
Distrito de Bento Rodrigues destruído pela lama das barragens que se romperam | Ricardo Moraes/Reuters

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O temor de rompimento de uma terceira barragem de contenção de rejeitos da companhia Samarco forçou uma nova evacuação de moradores nesta quarta-feira, pouco depois de os presidentes das mineradoras gigantescas BHP Billiton e Vale examinarem o local devastado pela enxurrada da semana passada.

O rompimento de duas barragens da mineradora brasileira Samarco contendo milhões de metros cúbicos de lama e rejeitos de mineração provocou, na quinta-feira passada, uma gigantesca avalanche que devastou o distrito de Bento Rodrigues, em Minas Gerais, deixando oito mortos, 20 desaparecidos e 631 desabrigados, segundo o último balanço do corpo de bombeiros.

Uma terceira barragem da Samarco – de propriedade em partes iguais da anglo-australiana BHP Billiton e da brasileira Vale – está sendo reparada pelos bombeiros e por razões de segurança, moradores da área foram evacuados, informaram a mineradora brasileira e o governo de Minas Gerais.

Andrew Mackenzie, presidente da BHP; Murilo Ferreira, da Vale; e Ricardo Vescovi, da Samarco, visitaram as barragens que cederam e também a de Germano, que está em obras, todas construídas para receber rejeitos da extração do minério de ferro.

Também se reuniram com autoridades locais e equipamentos de emergência de sua joint venture em um momento em que cresce a pressão para que as proprietárias da Samarco assumam sua responsabilidade.

«Fomos afetados pela devastação em Bento Rodrigues e arredores. Não podemos reconstruir as vidas das famílias que perderam seus entes queridos, mas redobramos nosso compromisso com a Samarco para apoiar seus esforços de resposta», declararam Mackenzie e Ferreira em um comunicado conjunto após sua visita.

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Imagens de satélite dão a dimensão da tragédia após a ruptura das barragens da mineradora Samarco na última quinta-feira | divulgação/globalgeo e digitalGlobe
Imagens de satélite dão a dimensão da tragédia após a ruptura das barragens da mineradora Samarco na última quinta-feira | divulgação/globalgeo e digitalGlobe

Apoio à Samarco

«Nossa prioridade neste momento é entender a amplitude das consequências da ruptura das barragens e como podemos oferecer apoio adicional», disseram Mackenzie e Ferreira em um comunicado conjunto após sua visita à área devastada.

Os dois se comprometeram em ajudar a Samarco a criar um fundo de emergência para trabalhos de reconstrução e para ajudar as famílias e as comunidades afetadas, que será implementado «o mais rapidamente possível», em coordenação com as autoridades. O valor do fundo ainda não foi definido.

Os presidentes da BHP e da Vale destacaram que especialistas em saúde, segurança, meio ambiente e geotecnia das duas empresas estão auxiliando a Samarco e afirmaram que estão discutindo apoio adicional. Eles prometeram transferir os desabrigados de hotéis para casas ou apartamentos, como determina a procuradoria de Minas Gerais, e auxiliar na reconstrução do distrito no mesmo lugar ou em outro a definir. Ferreira, no entanto, destacou que «a Samarco não é parte da Vale», mas «uma empresa independente, que tem uma governança própria».

As atividades da Samarco em Minas Gerais foram suspensas e a empresa – a décima exportadora do Brasil – pôs em licença remunerada 85% de seus funcionários neste estado e no vizinho Espírito Santo. Só na unidade industrial de Germano, afetada pela tragédia, a Samarco emprega mais de 1.500 pessoas.

Mais segurança

Vescovi, que participou de uma coletiva conjunta com Mackenzie e Ferreira, informou que foi necessário fazer reparos em uma das paredes da terceira barragem, a única que ficou de pé na unidade industrial de Germano, perto da cidade de Mariana.

Após soterrar sob uma lama ocre o povoado de Bento Rodrigues, a massa com rejeitos de minério de ferro avançou 450 km até o estado do Espírito Santo e segue para o mar, através da bacia do Rio Doce, que banha 23 cidades, inundando comunidades em sua passagem e destruindo cultivos e matando peixes, tartarugas e outros animais.

O abastecimento de água em muitos municípios mineiros e capixabas foi suspenso e os especialistas consideram que os danos ambientais serão enormes.

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que segundo a Presidência viajará nesta quinta-feira ao local da tragédia, informou que o governo estuda multar as empresas.

«Se corresponde a aplicação de uma multa (…) a aplicaremos e seremos rígidos. Vai haver punição», afirmou a ministra em declarações à imprensa local. Ela também pediu para estudar um endurecimento da legislação e a fiscalização para evitar novos acidentes. Izabella e a presidente Dilma têm sido criticadas por não ter visitado ainda o local da tragédia.

O desastre fez desabar o preço das ações da BHP e da Vale na bolsa. As agências de classificação de risco Moody’s e Fitch rebaixaram a nota da Samarco e expressaram inquietação sobre uma produção menor de minério de ferro após o acidente, assim como a possibilidade de que a companhia seja processada por danos civis e ambientais e receba multas elevadas. Analistas do Deustche Bank preveem que a Samarco «poderá ficar fechada durante anos e que o custo da limpeza poderá superar um bilhão de dólares».

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