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Em SP, obra na Billings não deverá operar na capacidade máxima

Intervenção só foi iniciada após desbarrancamentos e alagamentos | Divulgação/PMETRP
Intervenção só foi iniciada após desbarrancamentos e alagamentos | Divulgação/PMETRP

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Principal obra do Estado para conter a crise hídrica, a transposição de água da represa Billings para o sistema Alto Tietê não deverá operar na sua capacidade máxima, sob risco de provocar alagamentos e desbarrancamentos em Ribeirão Pires.

A conclusão é do Consórcio Intermunicipal do ABC, colegiado que reúne os prefeitos da região e que discutiu o assunto nesta segunda-feira durante sua reunião mensal.

O problema está na vazão do córrego Taiçupeba-mirim, que recebe as águas da represa vindas pelas tubulações, mas que não teria capacidade para suportar o bombeamento prometido pelo Estado, de 4 mil litros por segundo.

A transposição foi iniciada em 30 de setembro, data de inauguração da obra. Logo nos primeiros dias, com o bombeamento de apenas 1,8 mil litros por segundo, os impactos já apareceram.

“O volume a mais alagou trecho do Jardim Luzitano, o que impediu os moradores de passar, e desbarrancou as margens, provocando a interdição de quatro casas”, afirmou o assessor regional de Ribeirão Pires no Consórcio, Ailton Gomes.

Após esses problemas, o Estado reduziu o bombeamento para 1 mil litros por segundo e iniciou obras emergenciais para reforçar as margens do córrego.

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A intervenção foi apresentada como solução para evitar novos danos e garantir a transposição na capacidade máxima, mas ainda preocupa as autoridades no ABC.

“As obras são frágeis. Estão fazendo paredes de bloco dentro do córrego, sem colunas”, afirmou Gomes, que teme ainda a proximidade com o período chuvoso.

Presidente do Consórcio e prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (PSDB) afirmou que convocará Sabesp e Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica) para a próxima reunião dos prefeitos, em dezembro.

“Queremos saber se foi feito estudo e se o córrego está preparado para suportar esse volume, o que aparentemente já vemos que não. Esperamos que o Estado venha não só para ouvir, mas para apresentar soluções.”

Professor de planejamento urbano e ambiental da UFABC (Universidade Federal do ABC), Ricardo Moretti lembrou que a obra toda foi feita de modo emergencial, “no compasso do desespero”.

“O projeto foi realizado de forma afoita, sem considerar impactos ambientais, como o de jogar grande volume de água em um córrego pequeno. Há ainda o problema da qualidade desta água, que pode ser extremamente poluída se vier do corpo central da Billings.”

Estado mantém previsão

Responsável pelas obras emergenciais no córrego Taiçupeba-mirim, a secretaria de Recursos Hídricos do Estado tem garantido que a obra de transposição das águas da Billings atingirá a capacidade máxima. Segundo a pasta, a quantidade será elevada gradualmente e deverá atingir 4 mil litros por segundo até o fim do mês.

Em nota, a Sabesp declarou que já está transferindo 2 mil litros por segundo – o dobro do que informou nesta segunda-feira o Consórcio – e que o serviço não será paralisado.

“Enquanto o reparo na encosta do córrego estiver em curso, o bombeamento pode ser interrompido pontualmente para o andamento dos trabalhos, sendo retomado na sequência.”

Ainda de acordo com a companhia estadual, “a água bombeada do rio Grande é de excelente qualidade”.

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