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MP investiga discriminação contra frequentadores de casa noturna em SP

Ex-funcionários da casa relataram que são orientados a selecionar quem pode frequentar o local por critérios de raça, posição social e padrão estético | Reprodução/Google Street View
Ex-funcionários da casa relataram que são orientados a selecionar quem pode frequentar o local por critérios de raça, posição social e padrão estético | Reprodução/Google Street View

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) instaurou inquérito para apurar denúncias de discriminação racial e social na casa noturna de estilo sertanejo Villa Mix, localizada na Vila Olímpia, região nobre da capital paulista. Ex-funcionários da casa relataram que são orientados a selecionar quem pode frequentar o local por critérios de raça, posição social e padrão estético.

“Eles barram negros, eles barram pessoas humildes, eles barram gente gorda”, diz um dos relatos incorporados ao inquérito. Segundo o MP-SP, a casa noturna recebeu prazo de 20 dias para prestar os esclarecimentos sobre os fatos relatados e o treinamento dado aos funcionários que fazem a seleção dos frequentadores.

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As denúncias postadas na página Boicote ao Villa Mix, no Facebook, com cerca de 17 mil participantes, deram início ao inquérito do MP-SP. A jornalista Stephanie Calazans, de 24 anos, é uma das criadoras da página, que teve a iniciativa ao presenciar a discriminação contra uma amiga.

“Eu estava com duas amigas, uma delas foi barrada. Era aniversário dela, e as três tinham nome na lista. Eles ficaram perguntando o número do RG [Registro Geral, a identidade] e alegando que estava errado, mas a gente viu que era mentira. Foi uma situação bem humilhante. Minha amiga é simples, humilde, não tem os padrões da casa. Não usa salto, nem maquiagem pesada, nem roupa justa. E ela é parda”, disse a jornalista.

Segundo Stephanie, as amigas estavam na fila para pagar, e o estabelecimento não poderia impedi-las de entrar. “Muita gente diz que a casa não tem obrigação de deixar entrar VIP [gratuitamente], mas nós estávamos dispostas a pagar.”

Para a promotora de Justiça Beatriz Helena Budin Fonseca, a escolha de quem entra ou não “tem a função de segregar e marcar a divisão entre pessoas que não têm a mesma classe social, a mesma cor de pele, o mesmo peso, ou a mesma beleza considerada como ideal”.

Em nota, o Villa Mix informou que ainda não recebeu a intimação do Ministério Público, mas que está analisando a instauração do inquérito. “Após a citação, a empresa apresentará todas as informações necessárias ao Ministério Público e contribuirá para os devidos esclarecimentos, comprovando sua idoneidade e a ausência de qualquer prática de discriminação, pondo termo à discussão e demonstrando que age e sempre agiu de acordo com os princípios da legalidade e da boa-fé. O Villa Mix se coloca à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos que se façam necessários.”

O Ministério Público pediu a instauração de inquérito policial à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). Quem quiser fazer denúncias pode entrar em contato com o MP-SP pelo telefone (11) 3119-9260 ou pelo e-mail inclusaosocial@mpsp.mp.br.

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